No último dia 21 de novembro de 2016, o Papa Francisco publicou a sua carta apostólica “Misericordia te mísera”, em conclusão do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia.

Toda a carta é uma carinhosa recordação de como a Misericórdia de Deus se estende a todos os homens (leia na íntegra aqui). Também é um constante convite para que os fiéis corram aos confessionários, reconhecendo nosso pecado e para que os sacerdotes seja verdadeiros pastores, que acolham com carinho as ovelhas perdidas, em busca da misericórdia de Deus.

Porém na Misericordia et misera, o Papa Francisco também tomou algumas decisões importantes e fez algumas sugestões pastorais para que a Igreja viva a Misericórdia de Deus para além do ano jubilar. Estas são algumas das mais importantes:

1) Difundir mais a palavra de Deus

“Seria conveniente que cada comunidade pudesse, num domingo do Ano Litúrgico, renovar o compromisso em prol da difusão, conhecimento e aprofundamento da Sagrada Escritura: um domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus, para compreender a riqueza inesgotável que provém daquele diálogo constante de Deus com o seu povo. Não há de faltar a criatividade para enriquecer o momento com iniciativas que estimulem os crentes a ser instrumentos vivos de transmissão da Palavra. Entre tais iniciativas, conta-se certamente uma difusão mais ampla da lectio divina, para que, através da leitura orante do texto sagrado, a vida espiritual encontre apoio e crescimento. A lectio divina sobre os temas da misericórdia consentirá de verificar a grande fecundidade que deriva do texto sagrado, lido à luz de toda a tradição espiritual da Igreja, que leva necessariamente a gestos e obras concretas de caridade.”

2) Os missionários da misericórdia continuarão com seu trabalho

“Quero expressar a minha gratidão a todos os Missionários da Misericórdia pelo valioso serviço oferecido para tornar eficaz a graça do perdão. Mas este ministério extraordinário não termina com o encerramento da Porta Santa. De facto desejo que permaneça ainda, até novas ordens, como sinal concreto de que a graça do Jubileu continua a ser viva e eficaz nas várias partes do mundo. Será responsabilidade do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização seguir, neste período, os Missionários da Misericórdia, como expressão direta da minha solicitude e proximidade e encontrar as formas mais coerentes para o exercício deste precioso ministério.”

3) Fomentar o Sacramento da confissão no 24 horas Para o Senhor

“O sacramento da Reconciliação precisa de voltar a ter o seu lugar central na vida cristã; para isso requerem-se sacerdotes que ponham a sua vida ao serviço do «ministério da reconciliação» (2 Cor 5, 18), de tal modo que a ninguém sinceramente arrependido seja impedido de aceder ao amor do Pai que espera o seu regresso e, ao mesmo tempo, a todos seja oferecida a possibilidade de experimentar a força libertadora do perdão.

Uma ocasião propícia pode ser a celebração da iniciativa 24 horas para o Senhor nas proximidades do IV domingo da Quaresma, que goza já de amplo consenso nas dioceses e continua a ser um forte apelo pastoral para viver intensamente o sacramento da Confissão.”

4) Todos os sacerdotes poderão absolver o pecado do aborto

“Em virtude desta exigência, para que nenhum obstáculo exista entre o pedido de reconciliação e o perdão de Deus, concedo a partir de agora a todos os sacerdotes, em virtude do seu ministério, a faculdade de absolver a todas as pessoas que incorreram no pecado do aborto. Aquilo que eu concedera de forma limitada ao período jubilar fica agora alargado no tempo, não obstante qualquer disposição em contrário. Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força, posso e devo afirmar que não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para se reconciliar com o Pai. Portanto, cada sacerdote faça-se guia, apoio e conforto no acompanhamento dos penitentes neste caminho de especial reconciliação.”

5) Os sacerdotes da Fraternidade São Pio X seguirão confessando válida e licitamente

“No Ano do Jubileu, aos fiéis que por variados motivos frequentam as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X, tinha-lhes concedido receber válida e licitamente a absolvição sacramental dos seus pecados. Para o bem pastoral destes fiéis e confiando na boa vontade dos seus sacerdotes para que se possa recuperar, com a ajuda de Deus, a plena comunhão na Igreja Católica, estabeleço por minha própria decisão de estender esta faculdade para além do período jubilar, até novas disposições sobre o assunto, a fim de que a ninguém falte jamais o sinal sacramental da reconciliação através do perdão da Igreja.”

6) Jornada Mundial dos Pobres é instituída

“À luz do «Jubileu das Pessoas Excluídas Socialmente», celebrado quando já se iam fechando as Portas da Misericórdia em todas as catedrais e santuários do mundo, intuí que, como mais um sinal concreto deste Ano Santo extraordinário, se deve celebrar em toda a Igreja, na ocorrência do XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Dia Mundial dos Pobres. Será a mais digna preparação para bem viver a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, que Se identificou com os mais pequenos e os pobres e nos há de julgar sobre as obras de misericórdia (cf. Mt 25, 31-46). Será um Dia que vai ajudar as comunidades e cada batizado a refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho e tomar consciência de que não poderá haver justiça nem paz social enquanto Lázaro jazer à porta da nossa casa (cf. Lc 16, 19-21). Além disso este Dia constituirá uma forma genuína de nova evangelização (cf. Mt 11, 5), procurando renovar o rosto da Igreja na sua perene ação de conversão pastoral para ser testemunha da misericórdia.”

[Leia também: Texto Completo: Carta Apostólica “Misericordia et misera”]
[Leia também: O que é um ano santo?]
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