Uma das características mais importantes do pontificado de Bento XVI foi a atenção aos detalhes nas celebrações litúrgicas, especialmente na missa. É interessante que esse amor à missa de Bento XVI o acompanhou durante toda sua vida e teve sua origem em sua infância, quando ganhou um livro que mudou sua vida.

Em seu livro Minha Vida“, o então Cardeal Ratzinger conta fatos da sua infância e como se apaixonou pela Santa Missa graças a um livro chamado “Schott”.

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O que era Schott?

Joseph Ratzinger conta que no final do século XIX, o padre beneditino, Anselm Schott traduziu o antigo missal do latim para o alemão, sua língua materna, e que seu paróco organizava missas comunitárias para as crianças na escola que liam os textos de “Schott”.

Para alegria do pequeno Joseph, um padre amigo da família presenteou seus pais com um “Schott”, e o futuro Papa amava lê-lo, pois era um livro de oração para crianças inspirado no missal.

“Nele, o desenvolvimento da ação litúrgica foi ilustrado com imagens para que pudessem entender bem o que estava acontecendo”, lembra Ratzinger, “também apresentava uma breve oração que sintetizava o principal das diferentes partes da liturgia, tornando-o acessível para a oração das crianças.”

Tanto amava este livro que em um Natal escreveu uma carta ao menino Jesus pedindo um para ele:

“Querido menino Jesus, em breve descerás sobre a terra. Trará alegria as crianças. Também a mim me trarás alegria. Eu quero um Volks-Schott (missal), uma casula verde para a Missa e o coração de Jesus. Serei sempre bom. Saudações. Joseph Ratzinger.”

E seu inocente desejo foi ouvido! O pequeno Ratzinger recebeu um “Schott para crianças”, depois um “Schott dominical” e finalmente o missal completo. Ele recorda com muito carinho destes presentes.

“Cada novo passo que me fazia aprofundar mais na liturgia era para mim um grande acontecimento. Cada livrinho litúrgico que recebia era algo muito precioso, algo que não podia sonhar mais belo. Era uma aventura fascinante entrar pouco a pouco no misterioso mundo da liturgia que desenrolava ali, no altar, diante de nós e para nós”, cita Bento XVI em sua autobiografia.

Porém, devido a sua pouca idade, não conseguia entender tudo que estava ali, mas sabia que estava ante algo sobrenatural, diante de uma realidade não criada por homens, e sim pelo próprio Deus.

“Naturalmente, como criança não compreendia cada um dos detalhes, mas meu caminho com a liturgia era um processo de contínuo crescimento em uma grande realidade que superava todas as individualidades e as gerações, que se convertia em ocasião de maravilhas e descobertas sempre novas. A inesgotável realidade da liturgia católica me acompanhou ao longo de todas as etapas de minha vida; por este motivo, não posso deixar de falar continuamente sobre ela.”

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