4 coisas que você deve saber sobre a Exortação Apostólica "Querida Amazônia"

Daniel Ibañez- ACI Prensa

A Exortação Apostólica “Querida Amazônia” expressa os anseios do Papa Francisco para responder a todos os desafios desta imensa região. Neste documento, ele expressa seus desejos para a evangelização, o cuidado com o meio-ambiente e sua preferência pelos mais pobres.

Compartilhamos aqui uma síntese de seus quatro anseios:

1. Um sonho social:

“Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida”.

O Papa nos diz que os problemas ambientais que envolvem a Amazônia não são apenas um problema do meio-ambiente, mas antes toda uma questão social. O impacto da exploração desmedida na selva pelas empresas nacionais e internacionais afetam a forma de vida comunitária dos povos nativos e os empurra à miséria. Ao mesmo tempo, chama atenção para a corrupção que atravessa as instituições estatais e a mesma Igreja, que contribuem para a devastação.

Por isso, a Exortação chama a um diálogo social onde os povos originários sejam protegidos, prestando atenção especial aos mais pobres, marginalizados e excluídos.

2. Um sonho cultural:

“Sonho com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a carateriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana”.

A promoção da Amazônia, com sua rica diversidade, não deve supor que seja preciso colonizá-la culturalmente, senão que deva ser ajudada a tirar o melhor de si. A visão consumista do ser humano que caracteriza as economias globalizadas não deve privar, sobretudo os jovens, de amar a tradição e os costumes de seus povos.

Isso não implica cair em um indigenismo completamente fechado. A identidade e o diálogo não são inimigos, por isso a Exortação chama ao encontro intercultural onde cada um se senta na mesma mesa comum com suas raízes.

3. Um sonho ecológico:

“Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas”.

O Papa quer que recuperemos a primeira ecologia que necessitamos: cuidar dos nosso irmãos como o Senhor cuida de nós. Isto significa que o cuidado do ambiente é inseparável do cuidado e da atenção ao ser humano. Para o sumo pontífice, o equilíbrio depende da saúde desta imensa selva. Por esta razão, a Exortação convida a adotar um desenvolvimento sustentável que relacione os conhecimentos técnicos contemporâneos com o respeito às formas tradicionais de vida da sua população.

Além disso, Francisco nos lembra que a grande ecologia deve prestar atenção aos aspectos educativos. Estes são fundamentais para mudar os hábitos das pessoas e dos grupos humanos. Neste sentido, a Igreja tem muito a contribuir. Sua consciência sobre o valor da criação, sua preocupação pela justiça e sua tradição educativa são imprescindíveis.

4. Um sonho eclesial:

“Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos”.

Esta é a aspiração mais importante do Papa Francisco: ele deseja que anunciemos o Evangelho. Se se promove uma mensagem social sem mencionar Cristo, a Igreja se transforma em uma mera ONG. Em relação a este ponto, convida a recuperar símbolos ou festas indígenas previamente evangelizados. Ao mesmo tempo, pede que a liturgia colete elementos de culturas indígenas.

A Exortação também pede aos bispos que redobrem esforços para enviar sacerdotes com vocação missionária à região. Para o Papa, é necessário que se garanta uma maior frequência da celebração eucarística.

No entanto, para o Santo Padre, não basta uma maior presença de ministros ordenados, mas também é necessário um maior protagonismo dos leigos na vida das comunidades. Sobre isso, destaca o importante trabalho das mulheres na evangelização da região e sugere a necessidade de ampliar seus espaços de participação, mas sempre de acordo com a Tradição da Igreja.

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