Um dos ensinamentos mais bonitos e consoladores da Igreja Católica é que cada um de nós tem um Anjo da Guarda dado por Deus para nos guiar no caminho da salvação.

São Basílio, o Grande disse:

“Ao lado de cada crente, está um anjo como protetor e pastor, levando-o à vida.”

Anjos são espíritos sem corpo. Eles têm intelecto e vontade, e agem de maneira específica para nos guiar, proteger e influenciar.

Não é apenas bom, mas também recomendável invocar nossos Anjos da Guarda e aprender a reconhecer seus sussurros; no entanto, existem alguns perigos a serem evitados ao procurar um relacionamento mais próximo com eles.

Há um erro recorrente entre muitos católicos quando se trata de seus Anjos da Guarda: tentar descobrir seu nome e identidade ou atribuir um nome a eles.

É compreensível, já que quando os seres humanos iniciam uma relação, saber o nome um do outro é o primeiro passo. No entanto, há uma diferença que deve ser levada em conta se quisermos nos comportar de forma correta em relação aos nossos Anjos da Guarda.

Entre os humanos, somos iguais; mas esse não é o caso entre nós e os poderosos seres celestiais.

Tentar descobrir o nome ou dar um nome ao nosso Anjo da Guarda é uma má ideia por três razões principais:

Vício da Curiosidade

Deus criou uma multidão de anjos, porém nós sabemos apenas o nome de três deles através das Sagradas Escrituras: São Gabriel, São Miguel e São Rafael.

Visto que isto é o que Deus nos revelou sobre a identidade de anjos específicos, não devemos tentar descobrir os nomes de outros anjos. Esse conhecimento está acima da nossa condição, e procurá-lo não seria apenas desrespeitoso, mas significaria cair no vício da curiosidade.

A Sagrada Escritura apresenta pessoas tentando sondar os nomes dos anjos, sem sucesso.

No livro de Gênesis, o patriarca Jacó indagou, sem sucesso, o nome do ser misterioso que lutou com ele no deserto. Jacó perguntou-lhe: “Por favor, diga-me seu nome”. Ele respondeu: “Por que você pergunta meu nome?”

No Livro dos Juízes, um anjo apareceu à mãe de Sansão.

Ela disse ao marido: “Um homem de Deus veio a mim; ele tinha a aparência de um anjo de Deus, realmente assustador. Não perguntei de onde ele veio, nem ele me disse seu nome. Mas ele me disse: ‘Você conceberá e dará à luz um filho …’

Quando o anjo voltou, o pai de Sansão perguntou-lhe: ‘Qual é o seu nome, para que possamos honrá-lo quando suas palavras se tornarem realidade?’ O anjo do Senhor lhe respondeu: Por que pergunta meu nome? É maravilhoso.”

Nomear algo reivindica autoridade sobre ele

No Jardim do Éden, Deus deu a Adão o domínio sobre os animais. Como exercício desta autoridade, Deus trouxe os animais a Adão para que ele pudesse lhes dar um nome adequado.

No entanto, Deus só trouxe a Adão as criaturas que eram de natureza inferior à dos seres humanos ou da mesma, como no caso de Eva. Deus não levou a Adão criaturas que eram de natureza superior à dos seres humanos, isto é, os espíritos sem corpo.

Portanto, não está sob nossa autoridade dar nomes ou descobrir os nomes de criaturas que são de uma ordem superior à nossa.

Sabendo o nome de um anjo se descobre muito mais sobre sua identidade do que saber o nome de um humano.

Pelo fato de os anjos serem espíritos simples, saber o nome deles é conhecer sua essência – o núcleo do ser e o propósito de sua criação. Este conhecimento é apenas para Deus, e aqueles no céu com quem Ele compartilha esse conhecimento.

A Igreja é contra esta prática

O Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia da Congregação da Santa Sé para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos diz:

“A prática de atribuir nomes aos Santos Anjos deve ser desencorajada, exceto nos casos de Gabriel, Rafael e Miguel, cujos nomes estão contidos nas Escrituras Sagradas.”

Em resumo, como a raça humana é inferior aos anjos, não cabe a nós assumir uma posição mais alta, tentando nomear ou descobrir o nome dos anjos designados para nos servir e guiar. A Igreja desencoraja essa prática para nossa própria proteção.

Como todas as tentativas mal aconselhadas de se comunicar inadequadamente com o mundo espiritual, isso pode nos abrir à influência demoníaca.

Seu anjo tem um nome, mas é um nome misterioso e sagrado.

Há uma razão pela qual Deus escolheu não deixar que toda alma soubesse o nome de seu anjo. Pode parecer estranho, mas não precisamos nos preocupar; tudo o que precisamos saber é que temos o incrível presente de um Anjo da Guarda que está sempre lá para nós.

Por essas razões, fica claro que não é nosso direito saber mais sobre nossos anjos além do que Deus nos revelou. É para o nosso próprio bem. Mas isso não significa que não devemos nos familiarizar com eles.

Procure a orientação do seu Anjo da Guarda diariamente através da oração, aprenda como amá-lo e siga sua condução, mas não tente saber o seu poderoso nome!

Como São João Vianney disse:

“Nossos Anjos da Guarda são nossos amigos mais fiéis, porque estão conosco dia e noite, sempre e em toda parte. Devemos frequentemente invocá-los.”

[Leia também: 8 coisas que todo cristão deveria saber sobre os anjos]
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