Feita de sal: Conheça a maior igreja subterrânea do mundo

Capela de Santa Kinga. Crédito: Flickr Paul Arps (CC BY 2.0)

A mais de 100 metros abaixo da superfície, uma capela de 12 metros de altura esculpida em sal impressiona visitantes de todo o mundo.

Nas profundezas das minas de Wieliczka, na Polônia, encontra-se a Capela de Santa Kinga, a maior igreja subterrânea do mundo. Construída completamente em sal, esta obra magnífica atrai turistas e peregrinos de diversas partes do planeta.

As minas de Wieliczka, localizadas em Cracóvia, começaram a ser exploradas oficialmente no século XIII e alcançam impressionantes 327 metros de profundidade. Este gigantesco labirinto subterrâneo se estende por 245 quilômetros de túneis distribuídos em 9 níveis. No entanto, apenas 2% de toda a área pode ser visitada.

Patrimônio Mundial da UNESCO, as minas abrigam capelas esculpidas em rocha salina. Esses espaços sagrados eram utilizados pelos mineiros para praticar sua fé durante o trabalho.

De acordo com a Catholic News Agency:

“Como os mineiros trabalhavam frequentemente em condições perigosas, na escuridão e longe de suas famílias, criaram capelas para rezar e celebrar Missas antes de enfrentar os desafios de sua jornada.”

A Capela de Santa Kinga

A mais importante das capelas subterrâneas é a Capela de Santa Kinga, localizada a 101 metros abaixo da superfície. Com 12 metros de altura, o templo é decorado com baixos-relevos esculpidos em sal que retratam cenas da vida de Jesus, como as Bodas de Caná, a Natividade e a Última Ceia. Essas obras de arte levaram mais de 70 anos para serem concluídas.

"O chão da capela foi talhado em um único bloco de sal, e o teto é adornado com lustres primorosamente feitos de sal", informa o site oficial das minas.
Talhado na Capela de Santa Kinga. Crédito: Wikimedia Common Falk2 (CC BY-SA 4.0)

O altar da capela conta com estátuas de Santa Kinga, São José e São Clemente, esculpidas por Józef Markowski, além de abrigar relíquias da santa. No presbitério, destaca-se um crucifixo que simboliza as quatro principais minas de sal da Polônia: Wieliczka, Bochnia, Kłodawa e Sieroszowice.

Em homenagem à canonização de Santa Kinga, realizada por São João Paulo II em 1999, uma estátua de sal do Papa polonês foi incluída na capela — a única do mundo feita inteiramente de sal.

Estátua de sal de São João Paulo II. Crédito: Flickr Dennis Jarvis (CC BY-SA 2.0)

Quem foi Santa Kinga?

Santa Kinga, filha do rei húngaro Bela IV e da princesa Maria de Bizâncio, foi enviada à Polônia com apenas 5 anos de idade para conhecer seu futuro marido, o príncipe Boleslau, o Casto, de 13 anos. O casamento foi celebrado em 1247, quando Kinga tinha 13 anos, como parte de uma aliança estratégica para fortalecer os dois reinos contra a ameaça de invasão tártara.

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De fato, os tártaros invadiram a região, mas foram derrotados. Em agradecimento pela proteção divina, Kinga e Boleslau fizeram um voto de castidade perpétua, testemunhado pelo bispo Prandota. Segundo relatos da época, esse voto também refletia a vida de santidade que Kinga já levava.

Santa Kinga. Crédito: Dominio público.

Durante o casamento, Kinga demonstrou lealdade, sabedoria e compaixão exemplares. Ela dedicava seu tempo visitando os pobres e cuidando de leprosos. Em diversas ocasiões, Boleslau mencionou oficialmente que tomava decisões importantes seguindo o conselho de sua esposa, o que era raro para a época e evidencia a relação de respeito entre os dois.

Após a morte de Boleslau em 1279, Kinga vendeu todas as suas posses, distribuiu o dinheiro aos pobres e ingressou no mosteiro das Clarissas Pobres em Stary Sącz, onde se dedicou à oração até sua morte em 1292.

Santa Kinga foi beatificada pelo Papa Alexandre VIII em 1690 e canonizada por São João Paulo II em 16 de junho de 1999.

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