Feita de sal: Conheça a maior igreja subterrânea do mundo
A mais de 100 metros abaixo da superfície, uma capela de 12 metros de altura esculpida em sal impressiona visitantes de todo o mundo.
Nas profundezas das minas de Wieliczka, na Polônia, encontra-se a Capela de Santa Kinga, a maior igreja subterrânea do mundo. Construída completamente em sal, esta obra magnífica atrai turistas e peregrinos de diversas partes do planeta.
As minas de Wieliczka, localizadas em Cracóvia, começaram a ser exploradas oficialmente no século XIII e alcançam impressionantes 327 metros de profundidade. Este gigantesco labirinto subterrâneo se estende por 245 quilômetros de túneis distribuídos em 9 níveis. No entanto, apenas 2% de toda a área pode ser visitada.
Patrimônio Mundial da UNESCO, as minas abrigam capelas esculpidas em rocha salina. Esses espaços sagrados eram utilizados pelos mineiros para praticar sua fé durante o trabalho.
De acordo com a Catholic News Agency:
“Como os mineiros trabalhavam frequentemente em condições perigosas, na escuridão e longe de suas famílias, criaram capelas para rezar e celebrar Missas antes de enfrentar os desafios de sua jornada.”
A Capela de Santa Kinga
A mais importante das capelas subterrâneas é a Capela de Santa Kinga, localizada a 101 metros abaixo da superfície. Com 12 metros de altura, o templo é decorado com baixos-relevos esculpidos em sal que retratam cenas da vida de Jesus, como as Bodas de Caná, a Natividade e a Última Ceia. Essas obras de arte levaram mais de 70 anos para serem concluídas.
"O chão da capela foi talhado em um único bloco de sal, e o teto é adornado com lustres primorosamente feitos de sal", informa o site oficial das minas.
O altar da capela conta com estátuas de Santa Kinga, São José e São Clemente, esculpidas por Józef Markowski, além de abrigar relíquias da santa. No presbitério, destaca-se um crucifixo que simboliza as quatro principais minas de sal da Polônia: Wieliczka, Bochnia, Kłodawa e Sieroszowice.
Em homenagem à canonização de Santa Kinga, realizada por São João Paulo II em 1999, uma estátua de sal do Papa polonês foi incluída na capela — a única do mundo feita inteiramente de sal.
Quem foi Santa Kinga?
Santa Kinga, filha do rei húngaro Bela IV e da princesa Maria de Bizâncio, foi enviada à Polônia com apenas 5 anos de idade para conhecer seu futuro marido, o príncipe Boleslau, o Casto, de 13 anos. O casamento foi celebrado em 1247, quando Kinga tinha 13 anos, como parte de uma aliança estratégica para fortalecer os dois reinos contra a ameaça de invasão tártara.
De fato, os tártaros invadiram a região, mas foram derrotados. Em agradecimento pela proteção divina, Kinga e Boleslau fizeram um voto de castidade perpétua, testemunhado pelo bispo Prandota. Segundo relatos da época, esse voto também refletia a vida de santidade que Kinga já levava.
Durante o casamento, Kinga demonstrou lealdade, sabedoria e compaixão exemplares. Ela dedicava seu tempo visitando os pobres e cuidando de leprosos. Em diversas ocasiões, Boleslau mencionou oficialmente que tomava decisões importantes seguindo o conselho de sua esposa, o que era raro para a época e evidencia a relação de respeito entre os dois.
Após a morte de Boleslau em 1279, Kinga vendeu todas as suas posses, distribuiu o dinheiro aos pobres e ingressou no mosteiro das Clarissas Pobres em Stary Sącz, onde se dedicou à oração até sua morte em 1292.
Santa Kinga foi beatificada pelo Papa Alexandre VIII em 1690 e canonizada por São João Paulo II em 16 de junho de 1999.