O que a Igreja nos orienta em caso de guerra?
“Mais que um dom de Deus para o homem e um projeto humano conforme o desígnio divino, a paz é primeiramente um atributo essencial de Deus: “Iahweh-shalom” (Senhor-paz).” (Jz 6, 24)
A Paz é um atributo essencial de Deus, assim nos ensina as Sagradas Escrituras, ela não é uma ausência de guerra, não pode ser uma construção humana, porque é um sumo dom divino oferecido a todos os homens, comporta o efeito da bênção de Deus sobre o seu povo.
Mas o que devemos fazer se a Paz for ameaçada e vidas estiverem em perigo?
A Igreja ensina que os governantes devem esgotar todos os recursos de negociações pacíficas, no entanto, não tendo alcançado a concórdia, não se pode negar aos governos o direito da legítima defesa.
Entretanto, a Igreja pede um rigor as estritas condições duma legítima defesa pela força das armas. Essa é uma escolha muito difícil e de uma grande gravidade, por isso a Igreja orienta que antes de uma nação escolher a legítima defesa armada, submeta-se a condições rigorosas de legitimidade moral:
– que o prejuízo causado pelo agressor à nação ou comunidade de nações seja duradouro, grave e certo;
– que todos os outros meios de lhe pôr fim se tenham revelado impraticáveis ou ineficazes;
– que estejam reunidas condições sérias de êxito;
– que o emprego das armas não traga consigo males e desordens mais graves do que o mal a eliminar. O poder dos meios modernos de destruição tem um peso gravíssimo na apreciação desta condição.
Estes são alguns dos elementos que tradicionalmente são apontados na doutrina da chamada “guerra justa”.
Mas e como combater uma guerra contra o terrorismo, já que terrorismo atua e ataca no escuro, fora das regras com que os homens procuraram disciplinar, por exemplo, mediante o direito internacional humanitário, os seus conflitos?
A Igreja ensina que precisamos atuar na sociedade e promover a justiça social, agindo na raiz do problema, para que nenhum grupo precise buscar essa inaceitável forma de reivindicação. A luta contra o terrorismo pressupõe o dever moral de contribuir para criar as condições a fim de que esse não nasça ou se desenvolva.
Porém, a Santa Sé nos diz que, não tendo sido evitado, o terrorismo deve ser condenado do modo mais absoluto. Os atos de terrorismo atentam contra a dignidade do homem e constituem uma ofensa para a humanidade inteira.
E de maneira ainda mais veemente a Igreja condena os terroristas religiosos. É profanação e blasfêmia proclamar-se terrorista em nome de Deus. Neste caso se instrumentaliza também a Deus e não apenas o homem, enquanto se presume possuir totalmente a Sua verdade ao invés de procurar ser possuído por ela.
Nenhuma religião pode tolerar o terrorismo e, menos ainda, pregá-lo. E a Igreja de Cristo deve ser esse sinal de paz no mundo e para o mundo, sustentando o mundo com a oração e com a resposta generosa de seus fiéis que buscam uma vida santa.