O sorriso que evangelizou o mundo: a carmelita argentina que viveu a alegria da cruz
Em um mosteiro carmelita na Argentina, uma jovem religiosa transformou o sofrimento em louvor e a dor em esperança.
Seu nome era Irmã Cecília Maria da Santa Face, e sua serenidade diante do câncer tocou milhares de pessoas no mundo inteiro.
“Adormeceu suavemente no Senhor”
Cecilia María Sánchez Sorondo nasceu em 5 de dezembro de 1973, em San Martín de los Andes, na província de Neuquén, Argentina.
Formou-se em enfermagem e, aos 24 anos, ingressou no Mosteiro das Carmelitas Descalças de Santa Fé, onde recebeu o nome religioso de Cecília Maria da Santa Face.
Fez seus primeiros votos em 1999 e sua profissão perpétua em 7 de junho de 2003.
Em 2015, foi diagnosticada com câncer de língua, que mais tarde evoluiu para metástase pulmonar.
Durante o tratamento, permaneceu serena, em constante oração e comunhão com sua comunidade.
Sempre que podia, participava da missa no hospital, “com a mesma devoção que tinha no claustro”, segundo testemunho publicado pela Aleteia.
A comunidade carmelita de Santa Fé comunicou seu falecimento em 23 de junho de 2016, com uma breve carta enviada a amigos e religiosos:
“Queridos irmãos, irmãs e amigos:
Jesus! Somente duas linhas para avisá-los de que a nossa queridíssima irmãzinha Cecília adormeceu suavemente no Senhor, depois de uma doença tão dolorosa vivida sempre com alegria e entrega ao seu Divino Esposo.
Enviamos a vocês todo o nosso carinho agradecido pelo apoio e pela oração durante todo este tempo tão doloroso, mas tão maravilhoso ao mesmo tempo.
Acreditamos que ela voou diretamente para o céu, mas assim mesmo lhes pedimos que não deixem de oferecer por ela as suas orações.
Um grande abraço de suas irmãs de Santa Fé.”
Uma vida oferecida com alegria
Em seus últimos meses, Irmã Cecília viveu com lucidez e gratidão.
Mesmo sem poder falar, rezava, sorria e acompanhava a missa com fervor.
Seu testemunho de fé foi descrito como “tão radiante quanto o seu rosto”.
Durante a enfermidade, recebia o carinho dos sobrinhos e familiares, que a visitavam no hospital e lhe enviavam balões e mensagens pelas janelas.
“Ela nunca perdeu a alegria, sustentada por um profundo estado de oração”.
Pouco antes de morrer, escreveu um bilhete com o desejo de que seu funeral fosse um momento de oração e também de festa:
“Estava pensando em como queria que fosse meu funeral.
Primeiro uma pequena oração forte e depois uma grande festa para todos.
Não se esqueçam de rezar — mas também não se esqueçam de celebrar!”
O testemunho que comoveu o mundo
As fotos da Irmã Cecília Maria sorrindo em seu leito correram o mundo em 2016.
Para quem conviveu com ela, aquele sorriso não era pose: era fruto da fé.
“O amor que tinha conosco sempre foi exigente e fiel”, recordou a Madre Maria Magdalena de Jesus, priora do Carmelo onde ela viveu.
Em 23 de junho de 2017, data que coincidiu com a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o arcebispo Dom José María Arancedo celebrou uma missa de um ano de seu falecimento, destacando o significado espiritual da data e a sua entrega total a Cristo.
O sorriso que continua a evangelizar
Em fevereiro de 2024, o arcebispo Dom Sergio Fenoy assinou o edito que deu início à investigação diocesana sobre a vida e a fama de santidade da Irmã Cecília Maria.
A ACI Prensa noticiou que o documento reconhece seu “testemunho de amor e confiança em Jesus Cristo, mesmo nas provações mais duras”, e o impacto espiritual que despertou “em muitos corações o desejo de um maior compromisso com a vida cristã”.
Em fevereiro de 2025, foi celebrada a missa de abertura da causa de beatificação no Convento de São José e Santa Teresa, em Santa Fé, onde ela viveu seus anos de clausura.
Um exemplo de santidade no cotidiano
A história da Irmã Cecília Maria lembra ao mundo que a santidade não é ausência de dor, mas presença de amor.
Na enfermidade, ela ofereceu sua vida como oração; no sofrimento, encontrou alegria; na cruz, descobriu o rosto de Cristo.
Hoje, sua memória segue viva — não apenas nas fotos que rodaram o mundo, mas na fé de todos os que aprenderam com ela que a verdadeira alegria nasce quando o amor vence o medo.