Padre e seminarista são agredidos e presos após protestos contra o governo em Cuba

Créditos: Youtube/Reprodução

Neste domingo (11), milhares de cubanos saíram às ruas para protestar contra a ditadura comunista que domina o país desde 1959, e para lutar pela liberdade. Mas a repressão do governo foi tão grande que muitas pessoas foram agredidas e presas, entre eles, leigos e religiosos.

Padre e seminarista são agredidos e presos após protestos contra o governo em Cuba

O Pe. Castor Álvarez foi um dos que apanhou e foi preso na região de Camagüey, ao defender os manifestantes. De acordo com o portal ACI Prensa, o sacerdote está detido na delegacia de Montecarlo, acusado de causar “desordem pública”.

Dom Wilfredo Pino Estevez, Arcebispo de Camagüey, foi à estação policial para vê-lo, mas não conseguiu, obtendo sucesso apenas ao retornar mais tarde, após novas tentativas.

Na manhã desta segunda-feira (12), sacerdotes, religiosas e fieis fizeram uma manifestação pacífica em frente à delegacia pedindo a libertação do Pe. Álvarez. Depois de quase um dia de negociações, o padre foi liberto à noite.

Rafael Cruz Débora, seminarista de 26 anos que estuda em Havana, também foi levado pela polícia cubana dentro de sua própria casa, na província de Matanzas após os protestos de domingo. Até agora, não se tem notícias de seu paradeiro.

De acordo com o Pe. Rolando Montes de Oca, também da Arquidiocese de Camagüey, o seminarista estava de férias na casa dos pais. “Entraram em sua casa às cinco da manhã. Dizem que ele foi detido violentamente e ainda não sabemos para onde foi levado”, contou.

A cada hora, chegam novas informações sobre prisões e desaparecimentos na ilha cubana, mas é difícil se ter certeza de muita coisa devido ao corte da internet pelo governo.

Mas uma fonte da Igreja local confirmou que “os jovens católicos Manuel Yong e Leonardo Fernández foram levados presos para Havana”, e o porta-voz do Movimento Cristão Libertação (MCL), Regis Iglesias, informou que “a cineasta Gretel Medina Mendieta, mãe de dois filhos pequenos e filha de Juan Felipe Medina, membro do Conselho Coordenador do MCL, foi sequestrada pela polícia política”.

“Responsabilizamos a polícia política pela integridade física e psicológica de Gretel. Onde está Gretel? Libertem-na”, pede o Movimento.

O motivo dos protestos

“A situação econômica neste momento é complicada e se agravou muito mais com uma manobra econômica que o governo fez no início do ano, chamada de reordenamento econômico ou algo do tipo, que no final tornou a vida muito mais difícil”, explicou o Pe. Rolando Montes de Oca. “A inflação é enorme e as necessidades básicas, como alimentos, tornaram-se muito difíceis de obter. Há uma situação muito ruim de pobreza material”.

Ele explica ainda que a situação sanitária agrava mais as coisas: “Estamos no meio da crise da Covid-19. Há muita informação sobre pessoas morrendo, pessoas que não recebem atendimento médico. Os hospitais estão destruídos. Vemos imagens de doentes nos corredores, até em macas no chão”.

“Há uma falta tremenda de medicamentos. Muitas pessoas não têm analgésico. Por exemplo, não existem aspirinas. Não estamos falando de medicamentos de última geração. Ninguém os tem. Praticamente não existem, às vezes nem nos hospitais”.

E em meio a tudo isto, explica o padre, “o governo negou que há um colapso na área médica (dizendo) que está tudo sob controle. Enquanto isso, a realidade diz algo completamente diferente”.

“É uma situação que remete a nós, cubanos, a um período de crise, que é uma espécie de trauma nacional, o período especial dos anos 1992, 1993 e 1994, em que ocorreram apagões de muitas horas”, completa.

Rezemos por Cuba!

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