Por que os católicos batizam os bebês?

Esta é provavelmente uma das perguntas mais frequentes sobre a nossa fé. Talvez seja a justificativa encontrada por muitos pais para não batizarem seus filhos e deixá-los crescer como criaturas de Deus -com a mesma dignidade de um cachorro ou um gato- até que decidam, por conta própria, o que fazer com suas vidas. Para compreender o batismo dos bebês, temos que levar em conta:

  • Não existe nenhuma passagem bíblica que proíba o batismo de crianças.
  • A capacidade de “raciocinar” não é um requisito para receber a graça do batismo.
  • O batismo é muito mais que uma ação simbólica e deve ser entendido como tal.

O Antigo Testamento

Deus formou uma Aliança com Abraão (e com seu povo); nela, a circunscrição era seu sinal. A circunscrição era realizada oito dias depois do nascimento (Gn 17, 12), o que significa que o bebê tinha oito dias de nascido e, portanto, não escolhia nem decidia por si mesmo uma relação com Deus.

Quando Cristo veio e marcou o início da Nova Aliança, o batismo substituiu a circuncisão como símbolo da Aliança. O batismo cumpriu o que a circuncisão apenas significava. Tanto na Antiga quanto na Nova Aliança, os pais tomaram a decisão pelos seus filhos. As crianças, depois, podiam confirmá-la por si mesmos.

A partir da Nova Aliança

“Depois de ter se batizado com toda a sua família (…)”(Atos 16, 15)

Vemos nas Escrituras os apóstolos batizando famílias inteiras (o que inclui as crianças) em nome de Jesus Cristo (Atos 16, 31-33). Também é importante não perder de vista o sentido real do batismo: nos libertar do pecado original. Sim! Não esqueçamos que todos nascemos em situação de pecado e que as Escrituras o confirmam e o ressaltam vez ou outra:

“Eu nasci na iniquidade, no pecado minha mãe me concebeu”. (Salmos 51, 7)

Há cerca de mais de mil anos, as palavras do salmista nos recordam a realidade de que somos pecadores desde o nosso nascimento por causa dos nossos primeiros pais (Adão e Eva), e daí, a necessidade de reestabelecer esta união com Deus. Assim São Paulo explica claramente:

“Portanto, se da falta de um único homem, resultou a condenação de todos os homens, do mesmo modo, da obra de justiça de um só, resultou para todos os homens a justificação que traz a vida. Assim como, pela desobediência de um só, todos se tornaram pecadores, pela obediência de um só, todos se tornarão justos”. (Romanos 5, 18-19)

Ou seja, a miséria humana e a inclinação ao pecado não são compreensíveis senão através da profundidade do pecado de Adão. Pecado que foi transmitido de geração em geração e do qual somos libertos através da graça do batismo, que nos abre as portas do Céu.

Minha pergunta aqui seria: que tipo de pai não gostaria de fazer tão grande bem a seus filhos, que os priva da graça do batismo e da configuração com Cristo como Filho de Deus? (E já não como criatura).

Batismo: em um rio?

Finalmente, os protestantes gostam desta prática, pela forma particular de estudar as Escrituras, tomando literalmente toda ação quando convém, como no caso do batismo, e ignorando-a quando convém, como no caso da Eucaristia, como sendo o verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo. Pelo fato de João Batista batizar no rio Jordão, deduzem que assim deve ser o batismo sempre.

No entanto, as Escrituras diferem muito do que os protestantes entendem com respeito ao batismo e que “deve” ser em um rio. Claramente, no dia de Pentecostes, foram batizadas 3 mil pessoas em Jerusalém, e sabemos que na cidade não havia nenhum rio (Atos 2, 41). Também podemos lembrar do caso de Cornélio, que foi batizado por Pedro na sua própria casa (que evidentemente não era um rio) em Atos 10, 47 e, assim, poderíamos continuar com os exemplos trazidos pelas Escrituras, onde a prática protestante de batizar em um rio não responde a um mandato bíblico, mas numa tentativa de se apegar a uma leitura literal e irracional das Escrituras.

A realidade é que nós devemos fazer o que Cristo mandou e não o que fez, pois, se fosse assim, teríamos que jejuar 40 dias e 40 noites e, claro, usar uma coroa de espinhos e sermos crucificados. Perdoem o exemplo absurdo, mas ele prova justamente o ponto que quero explicar, pois as Escrituras devem ser meditadas e entendidas à luz da Tradição e do Magistério da Igreja, que não é outra coisa senão o ensinamento dos apóstolos.

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