Irmã Clare Crockett faleceu aos 33 anos, após um terremoto atingir a casa da Comunidade Lar da Mãe, em Playa Prieta, no Equador, em 2016. A freira irlandesa deixou um forte testemunho para todos que a conheceram. Após sua morte, seu testemunho de vida ofertada a Deus continua a alcançar novos corações.
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Abaixo, as cinco lições que aprendi com Irmã Clare, extraídas de seu livro Sozinha com Cristo sozinho:
1) Pobreza
Veja o que se passou com Irmã Clare sobre essa tema:
“Uma jovem perguntou a Irmã Clare a respeito de seu hábito: ‘Quantos hábitos você tem?’ Ir. Clare apontou para os pés e ergueu os braços até tocar a cabeça: ‘Você vê tudo o que estou vestindo? Nada, nada é meu! Eu sou pobre. Nem mesmo o hábito que uso é meu. Pertence à comunidade. Eu não possuo nada’. Irmã Clare fez uma pausa, sorriu ao ver a expressão da jovem e completou: ‘Mas sabe de uma coisa? Eu sou livre. E eu tenho mais alegria do que se eu possuísse o mundo inteiro’. A jovem estava acostumada a ver pobreza, mas achou esta reação surpreendente. Ela nunca imaginou que alguém pudesse ‘desejar’ a pobreza e muito menos que essa pobreza voluntária pudesse ser libertadora. À medida que mais tarde ela se aproximou das Irmãs, descobriu que deixar bens materiais e posses mundanas por amor a Deus realmente gera uma grande liberdade”.
Viver a pobreza é uma ideia louca. Nos tempos de São Francisco, há oito séculos, essa proposta, vivida por ele e seus companheiros, era vista como uma tolice, uma ingenuidade, uma loucura. Até hoje, a pobreza é vista com desprezo, como se fosse uma maldição, um castigo, ou fruto de preguiça, falta de ambição. Mas para quem busca a santidade como meta de vida, a pobreza é liberdade.
2) Vida de oração
Como anunciar Jesus Cristo aos outros, sem conhecê-Lo profundamente, intimamente, sem adorá-Lo “em Espírito e em verdade” (cf. Jo 4,23)? Essa experiência está muito nítida para Irmã Clare:
“Ela tinha plena consciência de que precisava estar firmemente enraizada em seu próprio relacionamento com Deus para poder oferecê-Lo aos outros. Pouco tempo depois de chegar a Jacksonville, nos Estados Unidos, ela escreve: ‘Realmente se pode notar quando alguém fala só por falar ou quando alguém fala e está verdadeiramente convencido do que está dizendo, porque vive aquilo que fala… Para dar Deus aos outros, para ajudar as minhas Irmãs, tenho que estar preenchida Dele; caso contrário, as pessoas ficarão com a sensação de que em mim falta um conteúdo vivo’.”
3) Castidade
Esse tema parece balançar os jovens. Tão imersos numa sociedade que cultua o prazer, na qual o ato conjugal é tão banalizado, objetificado e até comercializado, como o jovem vai entender que precisa guardar este momento para o matrimônio, considerando-o um ato de união entre os esposos e de geração de filhos? Viver a castidade pode ser motivo de piada ou até um lamento para quem ouve sobre ela. Veja a reação de Irmã Clare ao participar de um encontro com jovens numa Universidade nos Estados Unidos:
“Depois de explicar o voto de castidade, um estudante, sem rodeios, fez a seguinte pergunta: ‘Quer dizer que vocês não fazem sexo?’ A Ir. Clare permaneceu imperturbável. Ela não ficou escandalizada com esta nem com qualquer outra pergunta. Calmamente, ela respondeu: ‘Não, há coisas mais importantes do que isso’.”
Neste episódio, vemos Irmã Clare, sem timidez, defender a pureza do corpo com uma resposta afiada como espada de dois gumes.
4) Humildade
Quem quer ser humilhado? Ninguém, não é mesmo? Irmã Clare precisou entender que a humilhação era o caminho para ter um coração humilde:
“Irmã Clare também foi muito generosa e cooperou ativamente em sua purificação. Suas primeiras formadoras quando era candidata, Irmã Rocío e Irmã Karen, recordam a forte determinação de Clare: ‘Quando ela via algo, ela ia em frente, mesmo que fosse difícil, mesmo que significasse sofrimento.’ Durante aqueles primeiros anos, havia algum orgulho envolvido nessa determinação, como se ela pensasse: ‘Eu decidi fazer isso e vou fazer’, confiando demasiadamente em suas próprias forças. No entanto, pelo que está registrado em seu caderno de orações da época, fica claro que ela sabia que dependia totalmente da graça do Senhor para ter forças. Ela nunca se cansava de implorar a Ele para lhe dar força e humildade. ‘Senhor, eu tenho muito amor próprio. Tu queres que eu ofereça muito para Ti. Tu me pedes para fazer coisas por amor a Ti e tantas vezes eu Te rejeito. Ajude-me, Senhor, a fazer tudo por amor a Ti.’ ‘Senhor, rogo-Te para que me ajudes no que posso sofrer. Imploro para que me dês a disposição de coração que tanto desejo para fazer e ir aonde Tu queres, a qualquer hora, não importa o que aconteça.’ O Senhor respondeu dando a ela oportunidades concretas de amadurecer e crescer em humildade por meio das pessoas que a guiavam. Não foi automático e, frequentemente, ela falhava. Mas ninguém pode crescer em humildade sem humilhações!”
5) Autenticidade
Irmã Clare estava acostumada a interpretar personagens. Ela os criava por diversão entre os amigos. Ela atuava em papéis que sua vida na televisão a proporcionava. Lentamente, ela foi percebendo que tudo era uma forma de chamar atenção para si projetando para os outros uma imagem de garota popular ou ainda pela ânsia de uma vida de atriz famosa. Clare, então, descobriu que precisava encontrar sua imagem verdadeira e inteira diante dos planos de Deus. Veja como ela conseguiu levar essa experiência para outros jovens:
“Em seu apostolado com os jovens, um dos temas favoritos da Ir. Clare era a autenticidade em contraste com a superficialidade. Ela costumava usar a palavra espanhola ‘sincera’, que é composta por duas palavras (‘sin’ e ‘cera’), para estimular os jovens a viverem ‘sem cera’, sem máscara, sem hipocrisia e sem falsidade. Ela dizia que devíamos ser realmente nós mesmos, e não um personagem no palco. Devíamos seguir nossas convicções e ser fiéis ao Evangelho, não nos preocupando com o que os outros pensam de nós. Quando somos superficiais, nos preocupamos mais com a aparência de nossa imagem exterior, de nossas máscaras, do que com o verdadeiro bem de nossa alma. Durante seu tempo como candidata e noviça, a Ir. Clare tinha lutado para superar sua própria superficialidade, permitindo que Deus tirasse suas máscaras e lhe mostrasse quem ela realmente era. Os jovens agora a viam como uma pessoa incrivelmente genuína: ‘Tudo o que dizia e fazia, era ela mesma. Era autêntica. Ela se colocava inteira em tudo o que fazia e não tinha medo de que todos soubessem quem ela era, e que ela era propriedade de Deus. Ela defendia o Senhor e a verdade com todo o seu ser’, conta Ir. Annemarie Naiman, que conheceu a Ir. Clare em 2006, logo após ela chegar em Jacksonville”.
Sua biografia está disponível nas Livrarias Shalom e loja online: https://livrariashalom.org/sozinha-com-cristo-sozinho-irma-clare-crockett
Também é possível assistir, no Youtube, ao documentário “Tudo ou Nada”, que fala sobre a jovem religiosa. Assista clicando aqui.
Artigo escrito pelas Edições Shalom para o ChurchPOP.