Ele era jovem, católico e servidor público. Trabalhava na alfândega da fronteira entre o Congo e Ruanda. E morreu porque não aceitou propina.
Mais do que negar dinheiro fácil, Floribert Bwana Chui escolheu a Cristo e à Verdade.
Foi sequestrado, torturado e assassinado por se recusar a liberar uma carga de arroz e açúcar estragados. O motivo? Simples: aquilo poderia envenenar os pobres da sua cidade.
Ele sabia que aquela decisão poderia custar sua vida. Mas permaneceu fiel:
“É melhor morrer do que aceitar esse dinheiro.”
Foi assim que uniu fé e coragem — e testemunhou Cristo até o fim.
Um mártir da honestidade
A história aconteceu em Goma, na República Democrática do Congo, uma das regiões mais instáveis do mundo. Floribert era católico fervoroso e membro da Comunidade de Santo Egídio — um movimento que une oração, paz e serviço aos pobres.
A corrupção era comum. Quem se opunha a ela, era ameaçado. Mesmo assim, ele não cedeu.
Uma vida moldada pelo Evangelho
Natural de Goma, Floribert cresceu em meio a conflitos armados e tensões étnicas. Ainda jovem, encontrou na Comunidade de Santo Egídio um espaço de paz, reconciliação e caridade — especialmente junto às crianças de rua.
Era conhecido por acalmar discussões, evitar discursos de ódio e promover a paz em seu entorno. Ele acreditava: sempre existe outro caminho que não a violência.
Ele não foi apenas um “homem bom”. Foi um cristão radicalmente fiel.
O martírio: quando fé e justiça se encontram
Em 2007, aos 26 anos, já funcionário da alfândega local, recusou liberar um carregamento de alimentos adulterados.
Ofereceram-lhe dinheiro.
A resposta? Um “não” sustentado pela oração e pela Eucaristia.
Sua Bíblia — gasta, cheia de anotações — hoje está no Santuário dos Novos Mártires, em Roma. Era com ela que ele rezava todos os dias antes de ir trabalhar.
Um exemplo para os jovens — e para o mundo
Durante sua beatificação, o cardeal Marcello Semeraro declarou:
“Floribert escolheu a resistência ao mal até o fim, até o derramamento de sangue. Ele é mestre de esperança.”
E o Papa Leão XIV completou, no Angelus daquele domingo:
“Foi morto porque, como cristão, se opôs à injustiça e defendeu os pequenos e os pobres.”
Uma mãe diante do amor que tudo oferece
Na celebração de beatificação em Roma, a mãe de Floribert, dona Gertrudes, estava presente. Ela levou até o altar o casaco usado pelo filho no dia do martírio — ainda com as marcas da violência sofrida.

Ali, diante de bispos, cardeais e do povo de Deus, ela não carregava apenas um tecido manchado. Carregava a memória viva de um filho fiel até o fim.
Sua presença silenciosa dizia tudo: a dor de uma mãe, sim — mas também a alegria de quem viu o Evangelho ser levado às últimas consequências dentro da própria casa.
Que sua luz continue a brilhar
O Beato Floribert nos lembra que é possível unir fé, coragem e verdade — mesmo em meio à escuridão da corrupção, da violência e do medo.
Que sua vida inspire os jovens, os servidores públicos, os cristãos — todos os que ainda acreditam que o bem vale mais do que qualquer suborno.