Conheça a jovem leiga e mãe de 3 filhos que pode ser beatificada em breve
O Papa Francisco autorizou a promulgação do decreto da Congregação para as Causas dos Santos reconhecendo as virtudes heroicas da Serva de Deus María Cristina Cella Mocellin. Italiana, leiga e mãe de três filhos, ela faleceu em 1995, aos 26 anos de idade. Conheça sua inspiradora história!
Conheça a jovem leiga e mãe de 3 filhos que pode ser beatificada em breve
María Cristina Cella Mocellin nasceu em Cinisello Balsamo, na Itália, em 18 de agosto de 1969, num lar muito cristão. Desde cedo, recebeu os sacramentos da Igreja Católica e a instrução da fé pelas Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida Thouret no oratório paroquial onde participava com a família.
Na adolescência, virou catequista e auxiliava nas atividades do oratório, sempre conhecida por sua personalidade forte e vida coerente. Ao cursar o bacharelado linguístico ‘Regina Pacis’ em Cusano Milanese, conheceu a comunidade das Filhas de Maria Auxiliadora e começou a trilhar um caminho de discernimento vocacional.
Mas foi durante umas férias em família na região de Vicenza, no verão de 1985, que ela conheceu Carlo Mocellin e percebeu que Deus a chamava ao matrimônio.
Aos 18 anos, em 1987, foi diagnosticada com um sarcoma na perna esquerda e foi operada pela primeira vez no dia 9 de dezembro. Mesmo durante a difícil fase de quimioterapia, foi aprovada no bacharelado e decidiu cursar Letras na Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão.
María Cristina e Carlos se casaram em 2 de fevereiro de 1991 e tiveram dois filhos. Até que em 1993, ao engravidar novamente, descobriu um novo sarcoma na mesma perna que havia operado anos antes.
Para não por em risco a vida do filho, ela decidiu, com o apoio do marido, fazer apenas uma operação local e, só depois do nascimento do bebê, começar um novo tratamento contra o tumor.
Infelizmente, a situação se agravou rapidamente e ela morreu em 22 de outubro de 1995, aos 26 anos.
Segundo a biografia da santa, difundida pela Congregação para as Causas dos Santos, María “deu sempre um testemunho de fé forte e segura, que se traduziu no compromisso de viver a vontade de Deus”.
“Ela baseou sua vida na fidelidade ao Senhor, na escuta da sua Palavra e na compreensão de todas as pessoas. A sua heroica experiência de fé também a levou a experimentar o sofrimento num abandono confiante ao amor de Deus”. Além disso, “estava certa da meta final, o Paraíso, que ela poderia olhar com serenidade”.
“Ao longo da sua vida, a Serva de Deus manifestou um verdadeiro amor ao Senhor, que se manifestou nas suas palavras, especialmente no seu diário, mas também nas suas escolhas de vida. Ele tinha a mente aberta, cultivava uma atitude de preocupação com os outros e suas necessidades. Reconheceu no seu empenho pela educação uma possibilidade particular de serviço, que viveu como testemunho da verdade”.
“Sua heroica caridade manifestou-se em particular para com o seu marido Carlos, por quem cultivou um amor profundo e fiel, sempre aberto à presença do Senhor”.
Testemunho e testamento
Uma das grandes pérolas deixadas por María Cristina antes de falecer foi uma carta que ela escreveu para Ricardo, seu terceiro filho, expressando todo o seu amor e gratidão pela vida do pequeno, mesmo que com isso, ela precisasse sacrificar a própria vida.
“Querido Ricardo, você deve saber que não está aqui por acaso. O Senhor queria que você nascesse apesar de todos os problemas que havia”, começa.
“Meus pais, como se pode entender, não estavam muito contentes com a ideia de ter outro filho, pois Francesco e Lúcia eram muito pequenos. Mas quando soubemos que você estava aqui, nós te amamos e te desejamos com todas as nossas forças.
Lembro-me do dia em que o médico me disse que ainda estava diagnosticando um tumor na virilha. Minha reação foi repetir várias vezes ‘Estou grávida! Estou grávida! Mas estou grávida, doutor’. Para enfrentar os medos daquele momento, recebemos força de vontade ilimitada para ter você. Resisti a desistir de você com todas as minhas forças, tanto que o médico entendeu tudo e não disse mais nada.
Ricardo, você é um presente para nós. Foi naquela noite, no carro de volta do hospital, que você se mexeu pela primeira vez. Parecia que você estava dizendo: ‘Obrigado mãe, por me amar!’ E como podemos não te amar? Você é precioso, e quando olho para você e te vejo tão bonito, acordado, simpático, penso que não há sofrimento no mundo que não valha a pena suportar por um filho.
O Senhor quis nos encher de alegria: temos três filhos maravilhosos, que, se quiser, com a sua graça, poderão crescer como Ele quiser. Só posso agradecer a Deus, porque ele quis nos dar esse grande presente que nossos filhos são. Só Ele sabe como gostaríamos mais, mas por enquanto é realmente impossível. Obrigada Senhor”.