As “Petites Soeurs Disciples de l’Agneau” (Irmãzinhas Discípulas do Cordeiro), que vivem em Le Blanc, centro da França, é a primeira comunidade contemplativa do mundo que recebe mulheres com Síndrome de Down na vida consagrada.
Esta aventura vivida sob a proteção de São Bento e Santa Teresa de Lisieux, seus santos patronos, começou nos anos 80, através de uma amizade entre duas mulheres: Line, uma jovem que queria viver sua vocação a serviço dos mais frágeis, de pessoas com necessidades especiais; e Véronique, uma jovem com síndrome de Down queria dedicar-se ao Senhor.
“Visitei várias comunidades que acolhiam pessoas com deficiência, mas percebi que elas não se adaptariam em tais comunidades, porque não eram apropriadas para seu tipo de vida”, explica Madre Line, que, mais tarde, se tornou Madre Superiora das Irmãzinhas Discípulas do Cordeiro (Petites Soeurs Disciples de l’Agneau).
“Graças ao encontro com a jovem Véronique, uma jovem com síndrome de Down, brotou a inspiração para um novo início. Achei que a devia ajudar a realizar a sua vocação”.
Véronique sentiu o chamado para servir ao Senhor, mas, devido à Síndrome de Down, foi rejeitada por todas as comunidades por onde passara. De fato, o Direito Canônico e as regras monacais não preveem a admissão de pessoas com deficiência na vida religiosa. Line e Véronique tiveram que esperar 14 anos para obter o reconhecimento dos estatutos desta comunidade especial, que tem um estilo original. Apenas em 1999 a ordem recebeu o reconhecimento, e em 2011 receberam a aprovação definitiva de seus estatutos.
Atualmente as Irmãzinhas Discípulas do Cordeiro são dez: duas Irmãs hábeis e oito com Síndrome de Down. A comunidade continua com poucos membros, mas com a esperança de aumentar seu número em breve tempo porque as Irmãs com Síndrome de Down precisam de apoio na vida diária. Todavia, na realidade “elas são autônomas, pois a vida contemplativa lhes permite viver em ritmo regular. Para as pessoas com Síndrome de Down, as mudanças são difíceis, mas, quando a vida é regular, conseguem viver melhor”, explica Madre Line.
Testemunho da Irmã Véronique
“Passaram-se 34 anos desde que ouvi o chamado de Jesus. Procurei conhecer Jesus com a leitura da Bíblia e do Evangelho. Nasci com uma deficiência chamada Síndrome de Down. Estou feliz e amo a vida. Rezo, mas fico triste em saber que as crianças com Síndrome de Down não sentirão esta mesma alegria de viver”. Para quem sente o chamado de viver a vocação ao amor, como Santa Teresa, o caminho é longo, mas com paciência e fé produz seus frutos: Jesus fez-me crescer no seu amor. Após ter sido rejeitada na comunidade, a minha alegria foi grande quando, em 20 de junho de 2009, pude emitir os votos Perpétuos no Instituto das Irmãzinhas Discípulas do Cordeiro. A minha maior alegria é ser esposa de Jesus“.
[Leia também: Menino com Síndrome de Down conforta Jesus durante Via Sacra]
Reafirmar o caráter sagrado da vida
“Em uma época, em que a sociedade é privada de pontos de referência e parece não encontrar mais sentido na vida ou dar-lhe o devido valor, a nossa comunidade quer, com o simples testemunho da nossa vida consagrada a Deus, reafirmar o caráter sagrado da vida e da pessoa humana”, dizem as Irmãzinhas.