Giuseppe Mezzofanti nasceu em 1774 na cidade italiana de Bolonha. Sua família era pobre. Desde cedo, seu pai desejava que Giuseppe viesse a tornar-se artesão. Mas um padre descobriu no menino aptidões notáveis para o estudo e levou-o para uma escola eclesiástica. Com o passar dos anos, Mezzofanti entrou para o seminário episcopal, onde notabilizou-se por sua prodigiosa e surpreendente memória. Era capaz de ler uma página inteira de um livro em latim de São João Crisóstomo e de recitá-la inteira sem olhar para o texto.

Nesse mesmo tempo, passou a estudar línguas. No começo, latim e grego, idiomas ensinados dentro do circuito eclesiástico. Depois, foi colecionando conhecimentos de outras línguas, uma a uma, às dezenas.

Depois de ordenado padre em 1797, passou a trabalhar como professor de árabe na Universidade de Bolonha. Levava uma vida tranquila e voltada ao estudo de idiomas. Nem as turbulências de seu tempo chegaram a atrapalhar sua tranquilidade. Napoleão Bonaparte invadiu a Itália e a pacata Bolonha escutou o barulho cadenciado das botas dos soldados do imperador francês marchando por suas ruas. Mas foi por pouco tempo. O padre não sofreu com as auguras da invasão a não ser um breve afastamento de suas funções de professor da universidade por negar-se a prestar juramento a Napoleão. Os austríacos retomaram a cidade e Giuseppe foi reconduzido ao cargo onde voltou a ensinar grego e línguas orientais.

Ocupou os cargos de conservador da biblioteca municipal e de reitor da universidade de Bolonha. Recebera convites para lecionar em Florença, Roma e Viena do Grão-Duque da Toscana, do Papa Pio VII e do imperador austríaco Francisco I respectivamente, mas nada levava Mezzofanti a deixar sua bucólica Bolonha. Porém, em 1832, o Papa Gregório XVI o nomeou conservador da Biblioteca do Vaticano. Para lá, mudou-se Giuseppe e, seis anos depois, foi-lhe conferido o título de cardeal.

Na vizinha Roma, o cardeal trabalhou também como professor do Colégio da Propaganda, uma instituição onde estudavam alunos vindos dos mais variados países. Perfeito para Mezzofanti treinar diariamente seu conhecimento de línguas. Seu passatempo predileto era passear pelo pátio do colégio e conversar com os alunos em seus idiomas pátrios.

Ele entrou para a história dos recordes por conhecer perfeitamente 56 idiomas, balbuciar mais outros 22, falar infinidade de dialetos e conseguir traduzir umas 114 línguas.

Publicado originalmente em Jardim Epicuro.

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