[Filme] Entre Inimigos: Se o doente precisa de médico, o soldado precisa de quê?
A ideia da nossa Crítica Católica de Filme não é analisar de forma técnica e profissional, nem só falar de boas produções, mas também comentar sobre as que não têm muito a acrescentar (ou que podem até prejudicar) a nossa fé. Não queremos oferecer respostas prontas, e sim reflexões que te ajudem a buscar a santidade até na hora da diversão! Vamos nessa?
Supondo que você estivesse frente a frente com um nazista, você lhe pediria uma xícara de chá ou de café?
Tudo bem, talvez com um pouco mais de contexto. O ano é 1940 e após a queda da sua aeronave em batalha na Segunda Guerra Mundial, você se encontra no meio de um campo de neve na Noruega.
Ao encontrar uma cabana que poderia salvar a sua vida, um ‘mero’ detalhe; para sobreviver, será preciso conviver com soldados inimigos que também chegaram por lá. A curiosa situação, inspirada em fatos reais, está no filme Entre Inimigos.
É normal e mais do que compreensível a inicial tensão e desconfiança entre os soldados britânicos e alemães. Afinal, os tempos são de plena guerra e um descuido pode causar grandes estragos. Mas o momento em que, por primeiro, se percebe uma tímida mudança de comportamento deles é por causa de… uma história, tinha que ser.
Todos nós temos uma história para contar, todos nós queremos uma boa história para escutar. É difícil dizer que “aí então surgiu uma grande amizade entre eles”, mas com certeza algo mudou. Havia algo por trás da ideia pela qual lutavam, havia alguém.
Já ouviu a expressão ‘Deus ama o pecador, e não o pecado’? Esta frase se encaixa perfeitamente aqui. “Os fariseus disseram aos discípulos: ‘Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?’. Jesus, ouvindo isso, respondeu-lhes: ‘Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores’” (Mt 9, 10-13). Acolher alguém não significa aceitar o que ele acredita, pratica ou defende, mas recebê-lo com todas as suas virtudes e fraquezas, afinal, todos temos. A tolerância deve estar dirigida à pessoa, e não ao erro.
Não fosse assim, Jesus teria se recusado a se sentar com os pecadores. Mas como conheceriam a verdade se ninguém fosse até eles contar? Não só podemos, como devemos rejeitar ideias contrárias à fé cristã, mas ideologias são abstratas, pessoas, não.
Por trás de todo pecado, existe um pecador que precisa de perdão (e não o somos todos nós?). Por trás de todo soldado há um ser humano, com anseios, sonhos, medos, incertezas. Talvez, ele só precise de alguém que lhe aponte o caminho; na dúvida, peça um café e lhe estenda a mão.