Exilado, bispo da Nicarágua ganha prêmio por sua luta em favor da liberdade religiosa
O Mons. Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa e administrador apostólico de Estelí, recebeu um novo prêmio em vista do seu trabalho em prol da liberdade religiosa na Nicarágua. Este é o segundo reconhecimento recebido no mês pelo bispo, que está exilado desde janeiro no Vaticano.
O “Prêmio Liberdade” 2024, do Instituto Republicano Internacional (IRI), será entregue pelos congressistas americanos María Elvira Salazar (Republicana pela Florida) e Joaquín Castro (Democrata pelo Texas). O sacerdote nicaraguense Pe. Benito Enrique Martínez, por sua vez, receberá o prêmio em nome do bispo.
A cerimônia ocorrerá amanhã (15) em Washington D.C. (EUA), e contará também com a presença do ex-preso político e ex-candidato presidencial, Félix Maradiaga, que atualmente é presidente da Fundação Liberdade para a Nicarágua.
Há duas semanas, Mons. Rolando também foi homenageado com um dos Prêmios Libertas do Principado das Astúrias 2024, informou a Associação para a Participação da Sociedade Civil Oviedo21, na Espanha.
O bispo e a ditadura na Nicarágua
Mons. Rolando Álvarez sofreu na pele os efeitos da ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua, e tornou-se um símbolo de defesa dos direitos humanos e em prol da liberdade religiosa no país.
Em agosto de 2022, em uma das investidas da polícia contra a cúria, pessoas foram impedidas de entrar no momento que o bispo ia celebrar a missa, e este saiu com Jesus Eucarístico para rezar e incentivar os fiéis ao diálogo. E afirmou que, se necessário, eles celebrariam a missa e adorariam o Santíssimo Sacramento na rua, porque Cristo “é o Senhor da Nicarágua”.
Por ser crítico do regime, no final de agosto de 2022 ele foi obrigado a permanecer recluso dentro de sua casa episcopal junto com outros sacerdotes e seminaristas.
Semanas depois, a polícia invadiu o local e o levou preso, onde o manteve em cárcere privado por algum tempo em local desconhecido.
Em fevereiro de 2023, Mons. Rolando foi condenado pela ditadura a 26 anos e quatro meses de prisão por ser “traidor da pátria”, mas se recusou a subir em um avião com outras 200 pessoas que estavam sendo deportadas do país.
Em janeiro de 2024, com ajuda da mediação do Vaticano, o bispo foi deportado para Roma, onde permanece exilado até hoje.