Depois da Missa da Ceia do Senhor na Quinta-feira Santa, existe uma antiga tradição católica de fazer uma peregrinação a sete igrejas.

Cada uma das sete igrejas reflete os últimos sete lugares que Cristo visitou, desde o momento em que entrou em Sua Paixão até Sua morte no Calvário (listados no final deste artigo).

Podemos traçar as origens desta tradição quaresmal até meados do século XVI em Roma. São Filipe Neri (1515–1595), também conhecido como o ‘Segundo Apóstolo de Roma’ depois de São Pedro, liderou muitos devotos em uma peregrinação a pé pelas ruas de Roma, visitando as sete basílicas da cidade.

Nascido em uma nobre família trabalhadora em Florença, na Itália, São Filipe foi destinado a um propósito muito maior. Ele deixou tudo para trás para começar uma vida em Roma como missionário e médico de almas.

Com a Igreja e o povo de Roma em extrema necessidade de renovação e renascimento espiritual, São Filipe procurou conduzir o rebanho confiado aos seus cuidados para uma vida mais santa, mais virtuosa e alegre.

São Filipe seguiu o caminho de um pobre peregrino, muitas vezes vagando pelas antigas ruas de Roma todos os dias e visitando as sete igrejas de peregrinação de Roma, catacumbas esquecidas e túmulos de grandes santos. Trabalhou incansavelmente pela salvação das almas.

Com seu espírito contagiante de alegria, sua profunda capacidade de fazer amizade com os outros e seu amor ardente por todas as pessoas, fossem elas pecadoras, incrédulas ou feridas, São Filipe ganhou almas e levou muitos a Cristo.

Nas palavras jubilosas de São Filipe: “A alegria fortalece o coração e nos ajuda a perseverar. Um servo de Deus deve estar sempre de bom humor. Caridade e alegria, ou caridade e humildade, deve ser o nosso lema”.

E assim, para levar esperança, alegria, paz e unidade ao povo de Roma numa época em que prevaleciam os vícios do orgulho, da corrupção e do materialismo e muitos católicos eram mornos, São Filipe encontrou formas criativas de reavivar a fé.

Fossem confrarias, reuniões comunitárias, orações vespertinas, leitura das Escrituras, pregações, dos hinos e recitação dos Salmos e das ladainhas, muitos se reuniram em espírito de alegria e solidariedade para caminhar juntos na peregrinação para a eternidade.

São Filipe iniciou a tradição de caminhar pelas sete Igrejas na Semana Santa na calada da noite, refletindo sobre a Paixão de Cristo.

Enquanto Nosso Senhor rezava fervorosamente antes de sua Paixão no Horto do Getsêmani, Ele perguntou aos discípulos: “Vocês não puderam vigiar comigo nem por uma hora?” (Mateus 26,40).

Cristo estava sozinho neste momento, abandonado e assustado. Então ele disse a Pedro: “Vigiai e orai para que não caiais em tentação. Porque o espírito está pronto, mas a carne é fraca”.

Em nosso mundo acelerado, onde trabalho, fadiga, problemas, agenda lotada, preguiça espiritual, desculpas, redes sociais e distrações muitas vezes atrapalham a vida espiritual, esforcemo-nos para fazer companhia a Cristo seguindo os passos de São Felipe Neri.

Não abandonemos Nosso Senhor durante as horas mais sombrias de Sua vida e encontremos maneiras criativas de reacender nosso zelo, fé e amor ardente por Cristo e uns pelos outros, para que possamos ajudar a reconstruir nossa Igreja hoje.

Seguindo o chamado de Cristo para ficar acordado e rezar com Ele durante Sua agonia no jardim, sinta-se convidado a fazer uma peregrinação a sete igrejas diferentes nesta Quinta-feira Santa e fazer companhia a Cristo.

Você pode se ajoelhar diante do Altar de Repouso em todas as igrejas e unir-se espiritualmente a Cristo em adoração, refletindo sobre cada uma das sete estações finais por onde Cristo viajou antes de Sua Paixão e Morte.

Reflita sobre os seguintes versículos em cada uma das sete igrejas que você visitar:

1) Jesus no Jardim do Getsêmani (Lucas 22,39-46)
2) Jesus diante de Anás (João 18,19-22)
3) Jesus diante de Caifás (Mateus 26,63-65)
4) Jesus diante de Pilatos (João 18,35-37)
5) Jesus diante de Herodes (Lucas 23,8-9; 11)
6) Jesus novamente diante de Pilatos (Mateus 27,22-26)
7) A crucificação e morte de Jesus (Mateus 27,27-31)

Você já conhecia esta tradição?

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