No início de 2020 -antes da loucura da pandemia-, eu estava dando a aula inaugural de catequese para crianças entre 9 e 11 anos.

Como era o primeiro contato de muitas delas com a Igreja, achei que seria legal apresentar a história de alguns santos crianças e adolescentes para inspirá-las e mostrar que a santidade é para todos, inclusive elas.

E entre os santos que escolhi mencionar, falei de São Tarcísio. Mártir dos primeiros séculos, costumava servir no altar junto ao Papa Sisto II. Viveu em um tempo de muita perseguição religiosa em Roma, em que muitos cristãos eram presos, torturados e martirizados.

Certo dia, o Papa queria levar a Eucaristia à prisão para os cristãos que lá estavam, mas não sabia como fazer o trajeto, pois havia muitos espiões e soldados à espreita. 

Com apenas 12 anos de idade, São Tarcísio se ofereceu para levar, dizendo que por ser uma criança, não suspeitariam dele. Surpreso com a coragem dele, o Papa lhe deu a bênção e entregou uma caixinha com as hóstias.

Ele saiu, mas não conseguiu chegar à prisão. No caminho, foi interrogado sobre o que levava com força entre as mãos e, após ser descoberto, se recusou a entregar o corpo de Cristo. Com grande piedade e devoção, não soltou a caixinha com as hóstias e morreu apedrejado.

Seu corpo foi recolhido por um soldado simpatizante dos cristãos, mas nenhum fragmento da Eucaristia foi encontrado.

Após a breve explicação, era visível o olhar de apreensão e atenção das crianças. A cada história, elas se empolgavam, se assustavam, perguntavam, se alegravam. Mas com certeza, para uma delas, a história de São Tarcísio havia lhe tocado profundamente.

Ao final da aula, entreguei um pequeno pedaço de papel a cada um e pedi que escrevessem o que esperavam do ano de Catequese: podiam falar o que desejavam viver ou saber.

Muitas foram as perguntas… Algumas até engraçadas, mas todas sinceras. A mensagem de Laurinha, porém, me tocou.

“Eu quero na catequese… levar Jesus comigo!”, escreveu, ao lado de um desenho de si mesma, como São Tarcísio, levando a Eucaristia junto ao peito.

E desde então, sempre que me sinto fria ou indiferente a Jesus Eucarístico, lembro da pureza das crianças, e de como, de fato, delas é o Reino dos Céus.

São Tarcísio, rogai por nós!

[Leia também: A emocionante história do menino que deu sua vida para evitar que profanassem a Eucaristia]
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