Sim, foi um sacerdote católico quem primeiro propôs a teoria que hoje conhecemos como Big Bang.
O belga Padre Georges Lemaître (1894–1966) era muito mais do que um astrônomo brilhante — era também um homem de profunda fé, físico teórico, matemático e membro da Pontifícia Academia das Ciências. Sua vida mostra que fé e razão não apenas coexistem, mas se enriquecem mutuamente.
Do altar aos telescópios
Ordenado sacerdote em 1923, Lemaître nunca viu conflito entre ciência e fé. Ele afirmava com serenidade:
"A verdade não pode contradizer a verdade."
Estudando a fundo as equações da relatividade geral de Einstein, ele desenvolveu, em 1927, a ideia de que o universo está em constante expansão. Dois anos depois, propôs que essa expansão teria começado de um único ponto — que chamou de “átomo primordial” ou “ovo cósmico”. Era o embrião da Teoria do Big Bang.
Einstein duvidou… depois aplaudiu
No início, Albert Einstein rejeitou a ideia. Anos depois, diante das evidências, declarou:
“Esta é a mais bela explicação da criação que eu já ouvi.”

Mesmo assim, por humildade e discrição, Lemaître nunca reivindicou os créditos. Ele preferia que a ciência avançasse — mesmo que outros recebessem a glória.
Fé que ilumina a ciência
Em uma entrevista histórica redescoberta pela TV belga VRT, Lemaître explica com clareza sua teoria e diz que nunca quis usá-la como argumento religioso. Para ele, ciência e fé tratam de “realidades diferentes que não se contradizem”.
Sua postura inspirou inclusive o Concílio Vaticano II, que reafirmou que a investigação científica, quando conduzida com honestidade, nunca contradiz a fé.
Homenagens (tardias) da comunidade científica
Apesar de ter publicado antes de Hubble os dados sobre a expansão do universo, Lemaître foi pouco reconhecido por décadas. Mas em 2018, a União Astronômica Internacional votou a favor de rebatizar a “Lei de Hubble” como “Lei Hubble-Lemaître”, reconhecendo sua contribuição original.
Foi também presidente da Pontifícia Academia das Ciências e recebeu diversas honrarias científicas ao longo da vida.
Um exemplo para o nosso tempo
Enquanto muitos ainda tentam opor fé e ciência, Lemaître é um lembrete poderoso de que buscar a verdade — seja ela revelada ou descoberta — é sempre um caminho de louvor a Deus.
Como escreveu o Papa São João Paulo II:
"A fé e a razão são como duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade."
E o universo, talvez, tenha começado com um fogo de artifício primordial — como Lemaître gostava de dizer. Mas tudo começou com um Deus que cria por amor.