O Pe. Omar Raposo, reitor do Santuário do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ), foi impedido de entrar no Corcovado no último sábado (11). O sacerdote se dirigia ao local para realizar um batizado, mas os seguranças do Parque Nacional da Tijuca disseram que “sua entrada não estava autorizada”.

O Santuário é o espaço onde se situa a imagem do Cristo Redentor, que pertence à Arquidiocese do Rio de Janeiro, mas o entorno é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é ligado ao Ministério do Meio Ambiente.

Reitor do Cristo Redentor é impedido de entrar no Santuário para realizar batizado

Em nota, o Santuário Cristo Redentor disse que “repudia os atos hostis do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, contra a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro”.

E explicou que “mais uma vez, Padre Omar e os fieis foram impedidos de acessar o Santuário Cristo Redentor quando estavam a caminho de um batizado, marcado às 7h30. O sacerdote, a criança e familiares foram travados na guarita localizada na Estrada das Paineiras, que dá acesso ao Santuário”.

Segundo o Santuário, “de maneira recorrente, o reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar, bispos e outros religiosos do Rio de Janeiro, juntamente com fiéis e convidados da Igreja que participam das missas, casamentos, batizados e ações culturais promovidas pelo Santuário Cristo Redentor, passam por constrangimentos para acessarem o Santuário”. E completa: “Os gestores do Parque Nacional da Tijuca inviabilizam a servidão de passagem, entre outras ações vilipendiosas”.

Por meio de nota, o ICMBio não se retratou pela situação, apenas se limitou a dizer que “por questões de segurança dos frequentadores e conservação ambiental de alguns Parques Nacionais, todos os veículos que acessam as áreas restritas precisam se identificar. Eventualmente, essa checagem pode levar um pouco mais de tempo, devido à quantidade de frequentadores em eventos e nos finais de semana”.

A diretora jurídica da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Claudia Milione, contou em entrevista à TV local que “a Arquidiocese vai ter que tomar medidas, através de uma representação criminal, justamente para evitar que outros fatos típicos como esse que a gente presenciou hoje [sábado, 11 de setembro], um crime, se repita“.

Situação recorrente

A nota explica ainda que “após ficarmos, no ano de 2019, vários meses sem funcionamento das escadas rolantes e elevadores na região do Alto Corcovado, obrigando idosos e pessoas com deficiência a passar inúmeras dificuldades e constrangimentos, mais uma vez ficamos à mercê do ICMBio, a partir dos funcionários do Parque Nacional da Tijuca.

No dia 3 de setembro, fomos mais uma vez constrangidos e numa celebração litúrgica onde os convidados da Arquidiocese do Rio de Janeiro não puderam chegar ao Santuário Cristo Redentor. Após a oração, seria oferecido café da manhã gratuitamente aos convidados. O Parque Nacional da Tijuca também vetou o acesso de água aos convidados, violando o direito fundamental à saúde e ao bem-estar dos presentes.

No dia 2 de setembro, os funcionários da empresa terceirizada que faz a gestão da iluminação do Cristo Redentor, que possuem veículos autorizados para o trabalho, foram barrados na guarita da Estrada das Paineiras pelos seguranças contratados pelo Parque Nacional da Tijuca. Eles estavam subindo para iluminar o monumento na cor verde em uma ação para chamar a atenção da população para a importância da doação de órgãos, que salva vidas, uma ação de iluminação na área de saúde entre tantas que o Santuário Cristo Redentor realiza. Da mesma forma, os veículos da Secretaria de Estado de Saúde, cujas informações de placa, modelo e cor já tinham sido enviadas ao Parque Nacional da Tijuca, também foram barrados na guarita.

Esse bloqueio vem acontecendo há alguns meses. Enumeramos alguns acontecimentos dos últimos dias. No dia 22 de agosto, a fiscalização do ICMBio falhou ao não identificar turistas franceses que ficaram na mata após o encerramento da visitação de domingo. Na manhã do dia 23, o monumento foi acessado ilegalmente pelos turistas franceses, que arrombaram os cadeados da porta de acesso ao interior do monumento e subiram até a cabeça e os braços do Cristo Redentor, atentando contra a própria integridade física. O cesso ao monumento sem autorização configurou violação contra a propriedade da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Além disso, nesse momento, no Alto Corcovado não há operação de lojas comerciais, incluindo as de alimentação, por conta de querelas judiciais entre o Parque Nacional da Tijuca e os lojistas. Dessa forma, os visitantes não podem se alimentar nem ao menos se hidratar no local, sem que levem o próprio alimento ou água. Também por conta do fechamento das lojas, o banheiro mais próximo ao platô (área de visitação do Santuário Cristo Redentor), que ficava no restaurante, também foi fechado, impedindo que o público pudesse utilizá-lo.

Nos últimos meses, a postura dos seguranças do Parque Nacional da Tijuca tem sido hostil em relação ao reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar, e aos funcionários do Santuário. Dessa forma, o ICMBio, mais uma vez, tem a postura de relativizar a autoridade da Igreja, que cuida, com todo o zelo, do monumento ao Cristo Redentor e do Santuário Cristo Redentor no alto do Morro do Corcovado, cuja propriedade é da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

O Santuário Cristo Redentor é o primeiro santuário a céu aberto do mundo. A área compreende todo o platô, ou seja, toda a área de visitação do público. Símbolo nacional dos sentimentos cristãos do país, é um espaço originalmente sagrado, que acolhe pessoas de todos os lugares do mundo. No dia 12 de outubro de 2021, será celebrado o 90º aniversário do monumento ao Cristo Redentor, com um calendário de atividades que está sendo preparado pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.”

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