São Malaquias e a profecia sobre o último Papa
A profecia de São Malaquias recebeu atraiu muitas atenções logo após a renúncia do papa Bento XVI. Mas por quê? Este santo que viveu entre 1094 e 1148 havia predito que desde o seu tempo até o fim do mundo haveria 112 papas. Bento XVI foi o papa número 111 e o papa Francisco seria o último. Mas esta profecia é mesmo confiável? Em que os católicos devem acreditar?
Em um artigo escrito há alguns anos pelo blogueiro católico Jimmy Akin conta sobre suas investigações sobre esta suposta previsão.
A profecia de São Malaquias e o último papa
A primeira coisa que precisa ser dita sobre estas supostas profecias é que elas não têm nenhum reconhecimento por parte do Magistério da Igreja. Por isso, no melhor dos casos, se enquadrariam nas revelações privadas.
Isto significa que nenhum católico tem a obrigação de acreditar nela e sempre deve ter cuidado para não desvirtuar a única revelação pública que reside no Evangelho, na Tradição Apostólica e no Magistério da Santa Igreja.
Passemos então agora à análise da profecia de São Malaquias. Esta previsão é composta por 112 frases que supostamente descrevem os papas desde a época de São Malaquias até o fim dos tempos. O último papa seria um tal de Petrus Romanus, e então o mundo acabaria. Assim ele explica:
“Pedro, o Romano, que alimentará as ovelhas em muitas tribulações; quando terminarem, a cidade das sete colinas será destruída e o juiz terrível julgará seu povo. Fim”.
Quem é o verdadeiro autor?
A primeira conjuntura contra a autenticidade deste documento, segundo Akin, é que se a profecia é atribuída ao santo (séc. XII), não teria como ter sido publicada apenas no final do século XVI (1590). Isto significaria que não foi conhecida por 450 anos, o que aumentaria a possibilidade de ter sido falsamente atribuída a São Malaquias.
Acertos e erros sugeridos
Por outro lado, Akin cruzou cada lema com a quantidade de papas que ocuparam a cadeira de Pedro e notou que as descrições dos sumos pontífices eram muito mais certeiras antes de 1590 do que depois.
Colocando em números, antes de 1590, as descrições que se ajustaram perfeitamente aos papas foram por volta de 95%, e apenas em 5% dos casos os retratos pareceram vagos.
Mas depois de 1590, apenas podem-se considerar como certas 8% destas descrições, 41% foram errôneas -quando não houve similaridades entre o perfil descrito e o papa real- e 51% eram vagas.
Isto é outro indício de que a profecia de São Malaquias poderia ter sido escrita em meados de 1590 e não pelo santo.
Qual o valor prático da profecia de São Malaquias?
Apesar destas questões que fazem Akin descartar a autenticidade da profecia, ele avalia o seu valor prático para os católicos. Segundo o escrito, “não há quase nada na profecia que possa proporcionar um plano de ação ou orientação sobre como viver a fé cristã em períodos particulares”.
Além disso, para Akin, outro indício contra a veracidade da profecia é que “Jesus mesmo nos advertiu que não poderíamos calcular quando será o fim do mundo, no entanto, a profecia de São Malaquias animou muita gente justamente a fazer isso”.