O batismo de João Batista não era um sacramento, mas um sinal simbólico de arrependimento e de preparação para a vinda do Messias. Logo, não concedia o perdão dos pecados nem a graça santificante.
Mas se Jesus é Deus e o Messias que devia vir, por que se submeteu ao batismo de João?
Segundo ele mesmo disse, “porque devemos cumprir toda a justiça” (Mt 3,15). Sim, Cristo foi batizado para se identificar com os pecadores e mostrar assim a sua total conformidade com os planos de Deus, afinal, ele veio para cumprir e aperfeiçoar a lei da Antiga Aliança, inaugurando a Nova.
Mas não foi só por um caráter ritual que Jesus foi batizado. Segundo o grande Doutor da Igreja São Tomás de Aquino, o batismo de Jesus antecipou o sacramento cristão que temos hoje.
E estas são as verdades que Ele queria mostrar no batismo:
1) Que a alma é purificada
São Tomás de Aquino explica que a água, o Espírito e a voz divina do Pai do batismo de Jesus são os elementos que representam os efeitos da purificação. E para mostrar aos fiéis que não há mais impedimentos, o céu se abre.
“Cristo quis batizar-se para consagrar, com o seu batismo o que nós devíamos receber. Por isso o batismo de Cristo devia manifestar o que constitui a eficácia do nosso. (…) no batismo de Cristo, o céu se abriu para mostrar como, no futuro, a virtude celeste santificaria o batismo”. (São Tomás de Aquino; Suma Teológica 3, 39, 5)
2) Que a graça é transmitida pelo Espírito Santo
Por ser o próprio Deus, Jesus não recebeu o Espírito apenas naquele momento, obviamente, mas durante toda a vida experimentou esta presença. Porém, a manifestação que acontece no batismo serve para ilustrar o que acontece com os fiéis no ato do sacramento.
“Pois, todos os batizados pelo batismo de Cristo recebem o Espírito Santo, se não se apresentarem dolosamente para o receber, segundo aquilo do Evangelho: Ele vos batizará no Espírito Santo”. (São Tomás de Aquino; Suma Teológica 3, 39, 6)
3) Que a pessoa torna-se filha de Deus
Como disse Jesus, “ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14, 6). Ele não fala da figura divina em si, pois o Senhor já havia feito uma aliança com os israelitas há milhares de anos. Ele fala de Deus como Pai, e assim apresenta o novo relacionamento que devemos ter com Ele: no Filho, também nos tornamos filhos.
“O Espírito Santo desceu sobre Jesus batizado e fez-se ouvir a voz do Pai que dizia: Este é ‘meu Filho amado; para nos dar a conhecer, pelo que se cumpriu em Cristo, que quando formos lavados na água do batismo, das portas do céu o Espírito Santo desce sobre nós e a voz do Pai nos declara seus filhos adotivos”. (São Tomás de Aquino; Suma Teológica 3, 39, 8).