[CONTÉM SPOILERS]

O cinema com certeza é uma excelente opção de lazer e diversão, mas… Será que é só isso? Quem vive a fé e busca sempre o relacionamento com Deus, só precisa estar um pouco mais atento ao mundo ao redor para perceber que o Senhor pode se utilizar de tudo para falar ao nosso coração.

A saga Star Wars, que chegou ao seu final épico em dezembro, traz, por exemplo, alguns pontos que nós, como católicos, podemos fazer associações com a meta que somos chamados a buscar: a santidade.

Então confira algumas lições que podemos tirar do filme para nos ajudar a seguir com fé e coragem a nossa jornada para o Céu:

1. A nossa vida é uma constante batalha espiritual

Diante da pergunta de Luke “do que você mais tem medo?”, Rey é enfática ao responder: “de mim mesma”. Assim, podemos perceber na saga que os personagens Jedi e Sith, mais do erguendo sabres de luz, estão sempre travando fortes batalhas interiores, frutos da dualidade entre a luz e o lado negro da Força (bem x mal), que os querem levar para si.

Pelo pecado original, nós contraímos a culpa dos primeiros pais e isso deixou em nós uma profunda marca: a concupiscência, a tendência que temos para o pecado, por isso, até o momento da nossa morte, estaremos lutando contra as forças do mal que querem nos roubar de Deus.

O antídoto? Precisamos diariamente nos decidir pela vontade de Deus e não dar vazão às nossas vontades e desejos egoístas.

2. O pecado não faz parte de nós

Uma coisa importante: a concupiscência foi deixada em nós por mistério de Deus, mas não significa que faça parte da nossa natureza. Assim como o “lado sombrio” não faz parte da essência do Sith, mas é apenas consequência da decisão de cada um, tanto que a qualquer momento ele ou ela pode voltar atrás (por isso o empenho de Rey em tentar trazer Kylo Ren ‘de volta’).

O nosso pecado, por maior que possa ser, não tem a última palavra na nossa vida, e todos os dias temos a oportunidade de lembrar que a nossa identidade é ser filho de Deus, e todas as nossas decisões devem partir do conhecimento desta verdade.

Uma das grandes manifestações da misericórdia de Deus é que Ele nos deu o livre-arbítrio e, assim, somos livres para fazer nossas próprias escolhas.

3. A Graça estará sempre com você!

‘Que a força esteja com você’ é uma das expressões mais conhecidas da saga, que serve para lembrar que os Jedi não estão lutando sozinhos, mas contam com uma ajuda “especial” da força.

E na nossa vida, será que levamos a sério a ação da Graça de Deus? Santo Inácio de Loyola já dizia: “Faça tudo, como se tudo dependesse de você e espere tudo, como se tudo dependesse de Deus”. De fato, lembremos que nós somos os responsáveis por aderir à salvação, através das decisões que tomamos, mas com certeza, contamos sempre com a Graça de Deus.

4. É impossível caminhar sozinho

Rey tem uma grande missão pela frente, mas ela tem o apoio e ajuda dos amigos Finn, Poe, Chewie e etc. para enfrentá-la.

A Trindade Santa é comunhão, é unidade, e quando buscamos nos relacionar como Deus quer, é inevitável que tenhamos pessoas por perto para serem auxílio e suporte para nós.

Assim também, todo Jedi que se preze precisa de um bom mestre para lhe ensinar, como Rey contou com Luke e Leia. Por isso, é essencial buscarmos pessoas mais experientes na caminhada para que possam nos guiar pelo caminho da salvação. A vida cristã é intrinsecamente uma vida em comunidade, e a solidão e o isolamento não fazem parte dela.

5. Somos chamados a dar a vida pelo que vale a pena

“Em verdade, em verdade vos digo que se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, permanecerá só; mas se morrer produzirá muito fruto.” (Jo 12,24). Num mundo cheio de guerras espaciais e conflitos intergaláticos, a iminência da morte é quase certa, mas o que vemos nos personagens é sempre o desejo de ‘dar a vida pela causa’, e de fato, muitos, ao longo da saga, o fizeram.

Na vida cristã, também somos chamados ao martírio por causa de Cristo, mas não necessariamente derramando o nosso sangue. O famoso martírio branco vem nos recordar que morrer para si é optar para que a vontade de Deus aconteça todos os dias em nós, ainda que sejam nas pequenas coisas da vida.

6. Nunca é tarde para recomeçar

Na última trilogia da saga, vemos Kylo Ren como o arquétipo de Darth Vader, na expectativa de se tornar mais poderoso do que o famoso vilão conseguiu. Vader, no final da vida, se arrependeu da ambição que o levou ao lado negro da força e morreu ’em paz’ ao salvar seu filho.

Em “A ascensão Skywalker”, vemos algo semelhante acontecer com Ren, que buscou trilhar o caminho malévolo do avô e acabou, felizmente, tendo também um final parecido.

Histórias de perdão aos outros e a si mesmo envolvem os dois personagens, que nos dão a esperança em nossa própria história. Não importa quem somos, nossos antepassados ou o que fizemos, tudo o que temos para ofertar a Deus é o nosso hoje, com o sincero desejo de conversão e mudança de vida. Não está convencido?

Veja o que Santa Faustina fala com tamanha fé em seu diário: “Ainda que a alma esteja em decomposição como um cadáver e ainda que humanamente já não haja possibilidade de restauração, e tudo já esteja perdido, Deus não vê as coisas dessa maneira. O milagre da misericórdia de Deus fará ressurgir aquela alma para uma vida plena”.

7. O amor sempre tem a última palavra

Talvez a cena mais emocionante do filme seja Ben “passando” o resto de sua força vital para reavivar Rey, ele que durante tanto tempo lutou ao lado do mal, no fim, tem ali a sua redenção. O bem que sempre existiu nele agora é capaz de alcançar outros, levando vida onde não mais havia.

Isso nos faz pensar no gesto de amor de Cristo por nós, que morreu na cruz para redimir os nossos pecados; e de forma concreta, em como estamos espalhando este amor aos demais. Como discípulos Dele, acolhemos a sua paz e somos enviados para proclamar a vitória da Vida sobre a morte.

Por isso, mesmo que as coisas pareçam difíceis, ainda não é o fim. Que as palavras de Jesus possam ecoar na nossa mente e no nosso coração: “No mundo haveis de ter tribulações. Mas coragem! Eu venci o mundo”. (Jo 16, 33).

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