A ideia da nossa Crítica Católica de Filme não é analisar de forma técnica e profissional, nem só falar de boas produções, mas também comentar sobre as que não têm muito a acrescentar (ou que podem até prejudicar) a nossa fé. Não queremos oferecer respostas prontas, e sim reflexões que te ajudem a buscar a santidade até na hora da diversão! Vamos nessa?

O arqui-inimigo do Batman sempre foi uma figura enigmática, que foi tomando diferentes formas e caminhos ao longo dos anos, e a mais recente tentativa de decifrá-lo foi a produção do diretor Todd Philips, que busca trazer a história por trás do personagem, o famoso “onde tudo começou”.

Na história, Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) é um comediante mal sucedido que trabalha como palhaço numa agência de baixa categoria e mora com a mãe idosa num apartamento de subúrbio; as coisas se complicam mais devido à doença mental que ele tem, que exige numerosas medicações e gera comportamentos muito instáveis.

Sem entrar muito em detalhes sobre a sequência dos fatos, a narrativa do filme é basicamente sobre vingança. Arthur mata três jovens em um metrô e, por conta da situação política vivida na fictícia Gotham City, acaba virando involuntariamente o ícone de uma insurreição popular (sim, o filme tem um teor bastante político, principalmente para o cenário americano pré-eleições em 2020).

E esse sentimento da sociedade faz com que ele não apenas não sinta culpa pelo que fez, mas motivado para continuar assassinando em vista de “fazer justiça” contra aqueles que, de alguma forma, o feriram. Interessante perceber também nesse ponto o papel da imprensa em criar narrativas e moldar a opinião pública, criando uma situação que sequer havia sido pensada pelo personagem principal (a razão dos assassinatos nunca teve a intenção que foi propagada). Trazendo para a realidade… Até que ponto usamos a mídia para nos informar e até onde ela é capaz de ditar e mudar nossas posições e conceitos?

Coringa leva ainda uma dose de vitimismo e história de vida como justificação de seus atos. É claro que não podemos dizer que sua condição mental não tenha interferência, porém, como cristãos, precisamos entender que são as nossas escolhas que definem quem somos, independentemente de qualquer coisa, inclusive doenças, e que o nosso passado, por mais doloroso que tenha sido, não pode ter a última palavra.

Basta olharmos para a vida de tantos santos, que souberam transformar situações adversas em caminhos de cruz e ressurreição. Apontar a instabilidade mental como respaldo para cometer atrocidades é desacreditar de milhões de pessoas reais que passam pelo mesmo problema, mas que escolhem superá-lo de maneira diferente.

O longa também contém muita violência e agressividade, sem nenhum valor moral ou espiritual que possa ser aproveitado. Mas há algo que pode, no entanto, ser levado em consideração: o filme quer levar o expectador a sentir empatia pelo anti-herói desestruturado e muitas vezes sem sentido de vida, por isso a pergunta é: como estamos lidando com as pessoas que estão ao nosso redor? Sejam elas conhecidas ou não? Fáceis ou difíceis de conviver? Doentes ou sãs? Se a caridade reinasse nas nossas relações cotidianas, lembraríamos com mais facilidade que todos travam batalhas interiores, algumas menores, outras maiores, e qual o papel que queremos ter para ajudar o outro a superá-las? Estamos estendendo a mão para levantar alguém ou com pedras prontas para serem arremessadas?

Se quiser fazer um propósito de vida após assistir Coringa, que tal buscar, a cada dia, ser a melhor versão de você para si mesmo e para quem está ao seu lado? Como diria Santa Teresa de Calcutá, “a paz começa com um sorriso”, e às vezes, isso é o suficiente para transformar uma vida.

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