A ideia da nossa Crítica Católica de Filme não é analisar de forma técnica e profissional, nem só falar de boas produções, mas também comentar sobre as que não têm muito a acrescentar (ou que podem até prejudicar) a nossa fé. Não queremos oferecer respostas prontas, e sim reflexões que te ajudem a buscar a santidade até na hora da diversão! Vamos nessa?
Era uma vez… Quatro irmãos ingleses, no meio da Segunda Guerra Mundial que foram retirados de Londres para uma casa no interior do país onde estariam mais seguros. Lúcia, Edmundo, Susana e Pedro brincam para passar o tempo, quando algo inacreditável acontece: Lúcia, a mais nova dos irmãos, descobre um mundo inteiramente novo ao entrar em um guarda-roupa comum. Entre casacos de pele, folhas de árvores e neve, somos apresentados ao fauno senhor Tumnus e a toda magia de Nárnia.
Lúcia enfrenta dificuldades em ser acreditada pelos irmãos quando conta a eles o que descobriu. Sabemos das dificuldades de muitas pessoas em também crer nos milagres na vida real. No filme isso é retratado pelo diálogo sobre lógica, razão e fé: “Se ela não está louca, nem está mentindo, pela lógica podemos presumir que ela fala a verdade!”, diz o Professor Kirke sobre a descoberta de Lúcia no guarda roupa, quando seus irmãos não acreditaram nela.
Após algumas cenas, todos os irmãos entram no novo mundo, e logo descobrimos que nem tudo são flores também em Nárnia. Há cem anos um inverno ininterrupto assola o país, trazido pela maléfica feiticeira branca, Jadis. Existe uma profecia que diz que quatro humanos liderados pelo grande leão, Aslam, conseguirão enfim derrotar o poder de Jadis e trarão a paz de volta a Nárnia. Assim se iniciaria a Era de ouro do país, com a monarquia dos quatro irmãos.
A história do filme possui inúmeras analogias à fé cristã, ainda que mais sutilmente do que no seu livro de origem. A inocência e bondade de Lúcia, a traição (e posterior arrependimento) de Edmundo, a (falta de) fé de Susana e a liderança e coragem de Pedro são pontos comuns com a nossa caminhada pessoal e comunitária da vida espiritual. Além disso, a figura do leão Aslam é a representação escancarada de Cristo na história, especialmente no acontecimento da remissão da traição de Edmundo somente pela morte de Aslam.
O filme é uma adaptação dos livros infanto-juvenis do renomado autor irlandês C.S Lewis. Para quem é fã de uma boa leitura, o nome de Lewis não deve ser estranho. Além de outras inúmeras obras cristãs (ele não era católico), Nárnia foi sua história best-seller, tendo vendido mais de 120 milhões de cópias mundialmente, adaptada para Tv e rádio, e por último, nas telonas do cinema em três filmes até então.
Além da incrível história, “O leão, a feiticeira e o Guarda Roupa” conta com uma fotografia de tirar o fôlego, e uma trilha sonora encantadoramente marcante. Mesmo sendo a segunda das sete histórias de Nárnia, o filme funciona bem sozinho, sem prejuízos para quem nunca leu os livros antes.
Misturando mitologia, um certo ocultismo e elementos cristãos, nem todos veem Nárnia com bons olhos, acreditando que esse mix possa gerar confusão nas pessoas, mas a maioria entende que Lewis utiliza-se desses “subterfúgios literários” para que qualquer pessoa, cristã ou não-cristã, possa compreender e se interessar mais sobre em que se baseia a história de fato.
A Netflix anunciou a compra dos direitos das Crônicas de Nárnia em 2018, e espera-se que em breve seja lançada uma nova série televisiva no streaming. Vamos torcer para que os princípios cristãos inerentes à obra de Lewis não sejam esquecidos nem deturpados nesta nova adaptação. Se assim forem, que estejamos prontos para defender a encantadora obra de C.S. Lewis, “por Nárnia, e por Aslam!”.