A ideia da nossa Crítica Católica de Filme não é analisar de forma técnica e profissional, nem só falar de boas produções, mas também comentar sobre as que não têm muito a acrescentar (ou que podem até prejudicar) a nossa fé. Não queremos oferecer respostas prontas, e sim reflexões que te ajudem a buscar a santidade até na hora da diversão! Vamos nessa?

Chemical Hearts (na tradução literal, Corações Químicos) ou “A Química que Há Entre Nós”, no título em português, é o novo filme da Amazon Studios voltado para o público jovem, mas que lição será que ele tem para deixar?

A história começa quando o sonhador estudante do ensino médio Henry Page (Austin Abrams) se candidata para ser o editor do jornal da escola e conhece Grace Town (Lili Reinhart), a nova aluna que acaba sendo escolhida para trabalhar com ele.

Ambos gostam de ler e escrever, e a rotina no jornal acaba fazendo com que passem muito tempo juntos, porém Grace é uma garota cheia de segredos e parece não dar muito espaço para os outros entrarem na sua vida. Mesmo assim, Henry se apaixona por ela e experimenta todos os altos e baixos que o chamado “primeiro amor” traz.

O filme tem uma visão bastante materialista das pessoas e das relações, como se todos os seres humanos fossem apenas uma “coleção de átomos” movidos por anseios psíquicos e biológicos, deixando de lado a dimensão sobrenatural do verdadeiro amor, que implica escolhas e sacrifícios.

Também traz à tona o tema do suicídio, que nos faz pensar em quantas pessoas hoje perderam o sentido de suas vidas (por não acreditarem ser ele o próprio Deus) e diante das frustrações e sofrimentos, não encontram a vontade e a força para seguirem em frente. Todos sofrem, a diferença do cristão é que ele dá um sentido à sua dor, se unindo à cruz de Jesus.

A banalização do sexo também reflete cada vez mais cedo na vida dos jovens, tanto na ficção quanto na vida real, e é tido como “parte normal” do namoro quando, na verdade, é algo muito maior, pois é por meio dele que os esposos se tornam uma só carne. Então é desconfortável o fato do filme, que é indicado para adolescentes a partir de 14 anos, mostrar os protagonistas tendo a sua ‘primeira vez’.

Sobre isso, cabe a explicação de São João Paulo II: “O corpo humano encerra desde o princípio a capacidade de exprimir o amor: aquele amor em que o homem-pessoa se torna dom e, mediante esse dom, realiza o próprio sentido do seu ser e existir (…) O corpo, e só ele, é capaz de tornar visível o que é invisível: o espiritual e o divino. Ele foi criado para transferir para a realidade visível do mundo o mistério escondido desde a eternidade em Deus [o amor de Deus pelo homem] e, assim, ser seu sinal”.

Além disso, Henry e Grace têm uma relação conturbada porque uma vez que ela tem os seus próprios traumas e limitações, Henry tenta “consertar” isso, achando que pode oferecer a ela tudo o que lhe falta para ser plenamente feliz. Mas também na nossa vida, será que estamos buscando a resolução dos nossos problemas e desilusões em coisas, situações e pessoas e não em Deus? Spoiler: só Ele é capaz de preencher o nosso coração.

Enfim, a ideia de relatar os desafios e aventuras da adolescência é muito boa e importante, mas o filme falha ao apresentar apenas discursos pragmáticos e em alguns momentos, niilistas. A vida não é sempre ruim e, mesmo diante das provações, o cristão é chamado a olhar para o futuro com fé e esperança. E nos relacionamentos afetivos, a amar de verdade, não como fruto de reações químicas do corpo, mas como livre resposta ao amor de Cristo. Só com Ele, Nele e por Ele somos capazes de amar.

Contém: relacionamento homossexual entre duas meninas (com cenas de beijo); conteúdo sexual, uso de drogas e palavrões.

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