A ideia da nossa Crítica Católica de Filme não é analisar de forma técnica e profissional, nem só falar de boas produções, mas também comentar sobre as que não têm muito a acrescentar (ou que podem até prejudicar) a nossa fé. Não queremos oferecer respostas prontas, e sim reflexões que te ajudem a buscar a santidade até na hora da diversão! Vamos nessa?

A vida pode mudar rapidamente, levando você de um extremo ao outro de um caminho quase nada linear. Em meio a tantas possibilidades, o amor, o tempo e a morte parecem encerrar todas as coisas. É o que transparece na vida de Howard Inlet (Will Smith), um empresário bem-sucedido que é lançado em uma experiência de vida traumática e transformante ao mesmo tempo, encontrando aí uma beleza que lhe era antes totalmente oculta.

“Qual é o seu porquê?” – Para Howard, todos nós ansiamos o amor, desejamos mais tempo e tememos a morte. Essas três abstrações nos movem! Ele tinha essa certeza como fundamento para alcançar a vida de seus clientes… Até que elas o alcançam de um modo novo… de um modo surpreendentemente concreto!

Quando a personagem de Will Smith perde sua filha de apenas seis anos de idade, ele perde também a resposta do seu próprio “por quê?…” Para tornar tudo mais desafiante, após dois anos, as cartas que ele escreveu para cada uma das abstrações encontram seus endereços e, em busca de diálogo, o amor, o tempo e a morte vão, inusitadamente, ao seu encontro.

“Nós não escolhemos quem amamos e quem nos ama”. É a frase simples que desconcerta seu coração. Howard, em meio à dor, prefere não amar e não se deixar amar. Não responde seus amigos, foge de qualquer demonstração de afeto ou de preocupação. Sente-se traído pelo amor. E desiste. Amy (Keira Knightley), que dá voz ao amor, busca fazê-lo encontrar dentro de si o amor pela sua filha, capaz de despertá-lo para a impossibilidade de se negar algo tão inerente à vida, que é amar e ser amado seja na alegria, seja na mais profunda dor.

Raffi (Jacob Latimore), o tempo, é um jovem do tipo rebelde que logo o coloca diante da realidade: “Se o amor é criação e a morte, destruição.. eu sou o que fica no meio.” Aos poucos, Howard percebe que sua relação com o tempo não pode ser de opressão, mas de construção, recomeçando sempre que necessário. Não é fácil, mas o próprio caminho da vida apresenta novas possibilidades a cada dia.

Talvez a morte fosse quem mais temia… Logo ela foi a primeira que apareceu para respondê-lo! “A morte não tem fãs. Não entendo por que… é uma libertação!” Não foi uma tentativa de consolo, mas essa expressão conduziu não somente o empresário, mas também um de seus grandes amigos a compreender que existe uma liberdade em lidar bem com a morte. Ou melhor, uma liberdade interior capaz de nos fazer lidar bem com essa passagem, que não sabemos quando acontecerá.

O fato de não ter controle sobre quando essa realidade baterá à porta pode provocar um desespero imenso ou uma serenidade fundamental, fruto da aceitação de quem vê além. A questão é, como diz a própria morte (Helen Mirren), “nada está morto se você olhar direito”.

Desse modo, mais do que voltar a enxergar o valor de viver a vida com toda sua potência, independente do que aconteça, Howard e cada um que faz parte dessa história abrem os olhos ao que transcende o que é possível ver, tocar e entender nesta terra. Quando mais precisam, percebem, nas suas diversas necessidades, a beleza oculta que a todos une em um mesmo caminho de amor, no tempo, até a morte.

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