Existem muitos tipos diferentes de silêncio. Além disso, o silêncio nos permite ouvir mais e rezar melhor. Sobre o primeiro ponto, o que quero dizer quando digo “diferentes tipos de silêncio?”. Vejamos três tipos de silêncio que devemos incorporar em nossas vidas.
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1) Silêncio diante da adversidade
Nosso Senhor dá um belo exemplo disso ao se apresentar diante de Pilatos em Mateus. 27,12: “E quando foi acusado pelos principais sacerdotes e anciãos, não respondeu.”
É muito fácil querer reagir imediatamente quando somos injustiçados. Se formos honestos, esse é o nosso orgulho, não é? Mas o que podemos aprender com o exemplo de Jesus?
Jesus não reagiu, ele respondeu. Existe uma diferença. As reações são quase sempre emocionais, ao passo que responder exige reflexão.
Jesus não mostrou fraqueza quando permaneceu em silêncio. Em vez disso, Ele mostrou grande autocontrole e moderação. Ele escolheu responder com silêncio porque a verdade não precisa ser discutida. Simplesmente é o que é.
Talvez da próxima vez que formos injustamente injustiçados, tenhamos a graça e a força para seguir Seu exemplo. Deixe Deus lutar por você.
Jesus, ajuda-nos a ser mais como Tu, principalmente nesse aspecto.
2) Silêncio no sofrimento
Na história bíblica da Apresentação de Jesus no Templo, do Evangelho de São Lucas, Simeão diz a Nossa Senhora: “… e a ti, uma espada traspassará tua alma!”
A resposta de Nossa Senhora? Silêncio.
Nesse mesmo Evangelho, Jesus desaparece por três dias e José e Nossa Senhora o encontram no templo.
Maria lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos.”
Jesus responde “Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”
Novamente, qual é a resposta de Nossa Senhora a tudo isso? Silêncio. Na verdade, a escritura diz que “sua mãe conservava a lembrança de todos esses fatos em seu coração”.
Maria guarda o mistério do seu próprio sofrimento e do sofrimento futuro do seu Filho no silêncio do seu Imaculado Coração! Mais tarde, ao pé da cruz de seu Filho, novamente, ela permanece em silêncio.
Há um grande poder em carregar nossas cruzes em silêncio – em guardar as coisas em nossos corações. Mantê-las entre nós e Deus. Há maior poder em fazer isso com alegria! Isso não é fraqueza. Ao contrário, é uma grande força.
Lembre-se, somos pessoas da Cruz. Com a ajuda de Maria, nós também podemos suportar cruzes silenciosa e alegremente.
3) Silêncio como ausência de ruído
Esse tipo de silêncio beneficia muito a alma. Em um mundo com tanto barulho e distração, como podemos ouvir a voz de Deus?
A estimulação constante pode deixar o espírito entorpecido.
Nosso Senhor andou pela terra durante um tempo com muito menos distrações. Mesmo assim, Ele ainda se retirou para o deserto – para o silêncio.
Jesus, embora tenha sido tentado, derrotou o poder do inimigo e, ao retornar do silêncio, da oração e do jejum, foi mais ousado do que antes. Devemos ser sábios e aprender dele.
Se permanecermos em um estado de constante distração, seremos apenas isso – distraídos.
Aprendi no início da minha formação que se o diabo não pode mantê-lo mal, ele o manterá ocupado. Você pode não estar pronto para um retiro silencioso, mas pode desligar o rádio, o telefone ou a TV de vez em quando.
Você encontrará esses pequenos sacrifícios como um meio de grandes avanços na vida espiritual. Ao eliminar tais distrações, você pode ousar dizer: “fala, Senhor, o teu servo escuta”. (1 Samuel 3,10)
Tudo isso é possível na privacidade da sua casa ou carro. Mas, não acredite apenas na minha palavra, tente você mesmo. Você não tem nada a perder e muito a ganhar.
Oração em silêncio
“O fruto do silêncio é a oração, o fruto da oração é a fé, o fruto da fé é o amor, o fruto do amor é o serviço e o fruto do serviço é a paz.” – Santa Teresa de Calcutá
Entendeu? O caminho para a paz começa com o silêncio!
O maior fruto desse silêncio, na minha opinião, é a oração. A verdade é que não podemos existir (espiritualmente falando) sem uma vida de oração frutífera, sólida e consistente. Simplesmente devemos ser um povo de oração!
Somos chamados à santidade – a sermos santos! No entanto, sem oração, a santidade é impossível. Mas como rezamos? Vejamos o que a Igreja diz sobre a oração.
Em sua tremenda sabedoria, a Igreja ensina, “somente quando humildemente reconhecemos que ‘não sabemos rezar como devemos’, estamos prontos para receber gratuitamente o dom da oração”. (CCC 2559).
A oração é um presente de Deus, e é preciso humildade para receber um presente tão sublime. Também começa no nosso desejo de rezar.
Santa Teresa de Lisieux diz que a oração é “um impulso do coração; é um simples olhar voltado para o céu, é um grito de reconhecimento e de amor, que abraça a provação e a alegria”.
Como a analogia é bela. A oração é o olhar de um coração apaixonado para outro coração apaixonado.
Se reconhecermos com humildade que não sabemos rezar como devemos, voltemos a olhar para a Igreja em sua sabedoria. Lá ela oferece maneiras pelas quais podemos rezar. Ou seja, o seguinte:
Liturgia (Santa Missa – a forma mais elevada de oração – e a Liturgia das Horas), os sacramentos, devoções (Rosário, Ladainhas, Novenas, etc.), oração mental, Lectio Divina (Oração com a Escritura) e muito mais. Deo Gratis (Graças a Deus)!
Isso leva a ação de graças, louvor, adoração, confissão, súplica, purgação e, se perseverarmos (e se Deus assim desejar), até mesmo contemplação, paz e união com ele. Mas tudo começa em silêncio.
Concluo com esta oração:
Portanto, fique quieta, ó minha alma. Para que eu possa descansar Naquele para quem fui criado. No deserto onde Ele habita mais intimamente. E espero dizer no silêncio do meu próprio coração “pois estou doente de amor. Sua mão esquerda está sob minha cabeça, e sua mão direita me abraça.” (Cântico dos Cânticos 2: 5-6)
Que eu possa viver e morrer por esse amor, por essa intimidade, por esse silêncio.
Senhor, ensina-nos a rezar!
Este artigo foi escrito por Bridget Costello.