Após o Sínodo da Amazônia, que aconteceu em outubro de 2019, muitos especulavam sobre uma possível liberação para que homens casados pudessem ser ordenados, por falta de mais padres na região. Muitos foram contra, outros a favor… Até que neste ano o Papa Francisco divulgou a Exortação Apostólica “Querida Amazônia” e a proposta foi rejeitada.
Agora ele explica a razão!
Em entrevista ao jornal italiano La Civiltà Cattolica, o Santo Padre disse que “houve uma discussão, uma discussão rica, uma discussão bem fundamentada, mas nenhum discernimento, o que é diferente de chegar a uma boa justificação ou uma maioria relativa“.
Qual era a ideia proposta?
O documento final do Sínodo para a Amazônia propunha no parágrafo 111:
“Considerando que a legítima diversidade não prejudica a comunhão e a unidade da Igreja, mas a manifesta e serve (LG 13; OE 6) o que atesta a pluralidade dos ritos e disciplinas existentes, propomos estabelecer critérios e disposições por parte da autoridade competente, no âmbito da Lumen Gentium 26, para ordenar sacerdotes a homens idôneos e reconhecidos pela comunidade, que tenham um diaconato permanente fecundo e recebam uma formação adequada para o presbiterato, podendo ter uma família legitimamente constituída e estável, para sustentar a vida da comunidade cristã mediante a pregação da Palavra e a celebração dos Sacramentos nas áreas mais remotas da região amazônica. A este respeito, alguns manifestaram-se a favor de uma abordagem universal da questão.”
Na ocasião, a medida recebeu 128 votos a favor e 41 contra. Mas mesmo assim, o Papa Francisco explicou: “Devemos compreender que o Sínodo é mais do que um parlamento, e neste caso específico não podia escapar a esta dinâmica. Sobre o argumento, foi um parlamento rico, produtivo, inclusivo e necessário, mas não mais do que isso“.
E disse ainda: “Para mim isto foi decisivo no discernimento final, quando pensei em como fazer a Exortação“.
Sobre os debates, o Santo Padre falou que “uma das riquezas e a originalidade da pedagogia sinodal está em sair da lógica parlamentarista para aprender a escutar, em comunidade, o que o Espírito diz à Igreja, por isto proponho sempre calar logo depois de um certo número de intervenções“.
“Caminhar juntos significa dedicar tempo a uma escuta honesta, capaz de nos revelar e desmascarar (ou ao menos ser sinceros) à aparente pureza de nossas posições e nos ajudar a discernir o trigo que -até a Parusia- cresce sempre em meio à erva má. Quem não enxerga esta visão evangélica da realidade se expõe a uma conversão amarga.”
E resumiu de forma bonita e certeira: “Que sentido teria uma assembleia sinodal que não fosse para escutar juntos o que o Espírito diz à Igreja?“