A reconciliação torna-se necessária, porque se deu a ruptura do pecado, da qual derivaram todas as outras formas de ruptura no íntimo do homem e à sua volta. A reconciliação, portanto, para ser total, exige necessariamente a libertação do pecado, rejeitado nas suas raízes mais profundas. Por isso, há uma estreita ligação interna, que une conversão e reconciliação: é impossível dissociar as duas realidades ou falar de uma sem falar da outra.

A nova vida da graça, recebida no batismo, não suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a inclinação para o pecado (isto é, a concupiscência). O Senhor ressuscitado instituiu esse sacramento, para a conversão dos batizados que pelo pecado d’Ele se afastaram. Na tarde de Páscoa, o Senhor se mostrou aos apóstolos e lhes disse: «Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoar os pecados serão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos» (Jo 20,22-23).

Pecado mortal e venial

O pecado é uma ofensa a Deus, na desobediência ao Seu amor. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana. A repetição do pecado gera o vício. Podemos ainda distinguir entre pecado mortal e venial. Comete-se pecado mortal quando, ao mesmo tempo, há matéria grave, plena consciência e deliberado consentimento. Esse pecado destrói a caridade, priva-nos da graça santificante e conduz-nos à morte eterna do inferno, se dele não nos arrependermos. É perdoado ordinariamente mediante os sacramentos do batismo e da penitência ou reconciliação.

O pecado venial, que difere essencialmente do pecado mortal, comete-se quando se trata de matéria leve ou mesmo grave, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento. Não quebra a aliança com Deus, mas enfraquece a caridade; manifesta um afeto desordenado pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e na prática do bem moral; merece penas purificatórias temporais.

Cristo confiou o ministério da reconciliação aos seus apóstolos, aos bispos seus sucessores e aos presbíteros seus colaboradores, os quais, portanto, se convertem em instrumentos da misericórdia e da justiça de Deus. Eles exercem o poder de perdoar os pecados no Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Todo o fiel, obtida a idade da razão, é obrigado a confessar os seus pecados graves ao menos uma vez por ano e antes de receber a Sagrada Comunhão. Devem-se confessar todos os pecados ainda não confessados, dos quais nos recordamos depois dum diligente exame de consciência. A confissão dos pecados é o único modo ordinário para obter o perdão.

Dada a delicadeza e a grandeza desse ministério e o respeito devido às pessoas, todo confessor está obrigado a manter o sigilo sacramental, isto é, o absoluto segredo acerca dos pecados conhecidos em confissão, sem nenhuma exceção e sob penas severíssimas.

Os efeitos do sacramento da penitência são:

– a reconciliação com Deus e, portanto, o perdão dos pecados;
– a reconciliação com a Igreja, a recuperação, se perdida, do estado de graça;
– a remissão da pena eterna merecida por causa dos pecados mortais e, ao menos em parte, das penas temporais que são consequência do pecado;
– a paz e a serenidade da consciência, e a consolação do espírito;
– o acréscimo das forças espirituais para o combate cristão.

O apelo à conversão ressoa continuamente na vida dos batizados, os quais têm a necessidade da conversão. E essa conversão é um empenho contínuo para toda a Igreja.

Publicado originalmente em Canção.com.

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