De acordo com um relatório divulgado pela organização cristã Open Doors, em 2020 mais de 340 milhões de cristãos foram perseguidos simplesmente pela fé que professam. O estudo apontou ainda que a pandemia da Covid-19 piorou a situação em algumas localidades.
A pesquisa analisou dados de outubro de 2019 até setembro de 2020. Segundo ela, “pela primeira vez nos 29 anos de história da ‘Lista Mundial de Perseguição’, todos os países entre os 50 primeiros são classificados com um nível muito alto ou extremo de perseguição” e o número de países em que os cristãos estão em maior perigo aumentou para 74 neste ano, um a mais que em 2019.
Segundo o relatório, os lugares cuja perseguição aos cristãos é considerada extrema foram Coreia do Norte, Afeganistão, Somália, Líbia, Paquistão, Eritreia, Iêmen, Irã, Nigéria, Índia e Iraque. Dos países que seguem na lista dos mais perigosos, a maioria está na Ásia e África. Na América Latina, destaca-se o México e a Colômbia.
1 em cada 8 cristãos no mundo sofre perseguição
Ao todo, no ano de 2020 mais de 340 milhões de cristãos sofreram algum tipo de perseguição por conta da fé, “representando 1 em cada 8 cristãos em todo o mundo”.
O relatório também informa que 4.761 cristãos foram assassinados; 4.488 igrejas e edifícios cristãos foram atacados; 4.277 cristãos foram presos sem serem julgados ou presos ou sentenciados ou na foram para a prisão; e 1.710 cristãos foram sequestrados.
Também estima-se que os locais onde houve mais cristãos assediados ou estuprados foram na Arábia Saudita e Nigéria, onde também cristãos foram mais abusados fisicamente ou mentalmente por causa da fé. Já o Paquistão lidera o ranking no quesito “casamentos forçados de cristãos com não cristãos”.
O continente africano lidera o número de cristãos que precisaram deixar suas casas ou fugir para fugir de perseguições. Em relação aos que tiveram que deixar o país, 42% destes foram na Ásia e 57% na África.
De acordo com a pesquisa, apenas na Nigéria, “10 cristãos por dia são mortos em média devido às suas crenças religiosas”. O número de assassinato de cristãos também aumentou em cerca de 60%; foram 2.983 casos registrados em 2020, a maioria na África.
Os efeitos da pandemia
O relatório apontou que “a COVID-19 agravou a situação já existente de vulnerabilidade social, cultural, econômica e estrutural”, pois a pandemia “legitima o aumento da vigilância e as restrições por parte de governos autoritários e totalitários” e “ajuda os grupos criminosos organizados na América Central e na América Latina a consolidar seu controle”.
A exemplo da África Subsaariana, em que “militantes islâmicos violentos se aproveitam das restrições causadas pela COVID-19 para se espalhar”, e o “aumento do nacionalismo dirigido por maiorias de identidade religiosa nos países como Índia e Turquia”.
Segundo a pesquisa, as principais causas de perseguição foram: “opressão islâmica”, “nacionalismo religioso”, “opressão tribal”, “hostilidade étnico-religiosa”, “protecionismo denominacional”, “opressão comunista e pós-comunista”, “intolerância secular”, “paranoia ditatorial”, “corrupção organizada e crime”.
China de volta ao ranking
Outro fato que chamou atenção foi a presença da China na lista dos 20 países com maior perseguição aos cristãos após dez anos sem figurar nela. O relatório explica que isso se deu “devido à constante e crescente vigilância e censura às minorias”.
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E explica: “O Partido Comunista ampliou sua regulamentação de todas as religiões em 2020, e mesmo as igrejas aprovadas pelo governo, tanto católicas quanto protestantes, estão sob uma vigilância cada vez maior. Menores de 18 anos ainda estão proibidos de participar de qualquer atividade religiosa. A ‘sinicização’ do Cristianismo continua, inclusive na chamada ‘retificação’ das passagens da Bíblia”.
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“Novos dados mostram que o estado de vigilância da China é usado para perseguir cristãos e outras minorias religiosas, como os muçulmanos uigures”, explica o texto. Segundo a organização, até “as igrejas que recorreram ao culto online estão vulneráveis a serem controladas”.
“O Partido Comunista Chinês não está apenas normalizando essas tecnologias dentro de suas fronteiras, mas também as exporta para regimes autoritários em todo o mundo”, enfatizou.