A Comunidade Católica Porta Fidei foi alvo de um ato de vandalismo nesta segunda-feira (17).
De acordo com uma testemunha, a pichação foi feita por uma mulher encapuzada, que fugiu logo em seguida.
A atitude aconteceu um dia depois da Comunidade ter participado, junto com outras lideranças pró-vida, de uma movimentação contra o aborto em uma maternidade de Recife, onde uma criança de 10 grávida havia sido levada para realizar o procedimento.
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Mesmo não tendo sido os organizadores da movimentação, vídeos postados pela Comunidade no local repercutiram em todo o país, e eles começaram a sofrer perseguições de todos os tipos.
Depois de várias tentativas de hackers, denúncias e comentários criminosos, a Comunidade decidiu desativar temporariamente as redes sociais.
O fundador da Comunidade, o médico Rodrigo Dias, porém, gravou um vídeo para esclarecer sobre o ocorrido e reafirmar a posição da Comunidade, que também é a da Igreja Católica: a favor da vida! Mas como as redes da comunidade estão desativadas, o vídeo está circulando apenas pelo Whatsapp.
“Antes de mais nada, queremos dizer que somos uma comunidade católica, em comunhão com a Arquidiocese de Olinda e Recife, com nosso arcebispo Dom Fernando Saburido e com o Santo Padre, o Papa Francisco. Nós acreditamos e defendemos tudo aquilo que acredita e defende a Igreja Católica”, começou ele.
Confira a transcrição da mensagem na íntegra:
“Nós ficamos sabendo, por meio do Movimento Pró-Vida, que uma menina de 10 anos de idade, vítima de estupro, estaria sendo levada para Recife para realizar o aborto.
Esse aborto, que poderia ter sido realizado no Espírito Santo, não o foi por recusa da equipe médica, uma vez que a gestação já estava bastante avançada, com 22 semanas e 20 dias, beirando os 6 meses.
Então buscamos as vias jurídicas possíveis, tomamos as medidas cabíveis, mas eram informações bastante trocadas, não tivemos acesso nem conseguimos acionar o Plantão Judiciário.
Aí decidimos ir com padres, pastores e seminaristas à maternidade do Cisam, que seria a maternidade onde, segundo informações, esse aborto aconteceria para tentar num diálogo, numa conversa, com a equipe de saúde e com os responsáveis pela menina de 10 anos, tentar ganhar tempo e salvar as duas vidas. Esse era o nosso desejo, esse era o nosso objetivo: salvar as duas vidas.
Mas infelizmente lá na frente do Cisam os ânimos se exaltaram, pessoas pró-vida e pró-aborto (…) e uma discussão aconteceu.
Faço questão de registrar aqui que a Comunidade Porta Fidei não era aquela que estava encabeçando a movimentação, mas era uma das comunidades que estava lá presente, junto com pastores evangélicos e deputados.
Quero fazer este registro porque nos acusam de termos dito que a menina iria para o inferno, que a criança de 10 anos era uma assassina. Isto não é verdade. Esta não é uma opinião católica, esta jamais foi a opinião de nenhum membro da Comunidade Porta Fidei.
Nós acreditamos que essa menina de 10 anos é uma grande vítima deste monstro que a estuprou e daqueles que foram coniventes para que esses abusos acontecessem por mais de quatro anos.
Porém, nos acreditamos que a interrupção da gravidez não era o melhor nem para esta menina de 10 anos, muito menos para o bebê que teve sua vida ceifada às 22 semanas.
Nós nos propusemos a ir para a frente do Cisam para uma vigília de oração, e infelizmente não foi o que aconteceu. Hoje você pode perguntar: seria a melhor opção ir para a frente da maternidade? Era a opção que, no momento, nós enxergávamos como possível.
O que está sendo dito, de que batemos em enfermeiras, derrubamos portas de hospitais, não é verdade.
Jamais acusamos a menina de 10 anos de assassina, jamais dissemos que ela vai para o inferno. Este discurso nunca saiu da nossa boca.
Nós, sim, queremos dar apoio à essa criança, inclusive oferecemos apoio psicológico e espiritual. Um irmão de outra comunidade estava lá e ofereceu-se inclusive para adotar o bebê que estava no ventre de sua mãe. Porque, para nós, as duas vidas importam. O nosso desejo era salvar as duas vidas.
Nos acusam de discurso de ódio, mas desde ontem nossas redes sociais estão repletas de comentários, de palavras de baixo escalão, de ameaças de morte e discursos de ódio.
Estou aqui na casa da Comunidade, esta casa que faz serviço de assistência social, que acaba de ser pichada.
Em nenhum momento tivemos discurso de ódio, condenamos a menina nem responsabilizamos aquela que era vítima. Da mesma maneira que, a todo momento, defendemos que a outra vítima, que estava no ventre desta menina de 10 anos também não podia ser responsabilizada. Ela também precisava de afeto, cuidado e carinho.
Estamos tranquilos e agradecemos a todos as manifestações de solidariedade. Estamos em um momento de sofrimento, passando por essa tribulação, mas estamos firmes de que cumprimos o nosso papel como cidadãos conscientes, homens e mulheres de boa vontade, mas principalmente nosso papel como cristãos. Que Deus abençoe a todos e que a Virgem Santíssima proteja a cada um”.