Embora todos os santos tenham sido certamente pessoas normais como eu e você, alguns parecem um pouco mais “humanos” do que outros. Aí entra Pier Giorgio Frassati, o jovem italiano devoto que virou minha visão tradicional de santidade de cabeça para baixo.
Fui apresentado ao beato Pier Giorgio quando era um frade noviço. Enquanto eu examinava a estante de uma livraria católica, um de meus colegas segurou um livro relativamente fino perto do meu rosto. “Você tem que ler sobre esse cara!” ele disse. “Você vai amá-lo”. Olhei para a capa do livro: azul-petróleo com uma imagem em preto e branco de um homem andando de sapato de neve por uma paisagem incrível. O subtítulo dizia “Atleta aventureiro, brincalhão malandro, ativista implacável, místico inesperado”.
Peguei o livro do meu irmão. “Uau, como nunca ouvi falar dele antes?”, perguntei retoricamente. Sem nem mesmo ler uma página, eu sabia que estava prestes a entrar no mundo de um verdadeiro homem selvagem: o católico Jeremiah Johnson. As páginas do livro, no entanto, pintaram a imagem de um personagem muito diferente – aquele que, em muitos aspectos, era muito mais heróico do que sua fotografia sugeria, mas, ao mesmo tempo, tão familiar quanto um amigo de longa data.
Quem era Pier Giorgio Frassati
O beato Pier Giorgio Frassati era filho de um político agnóstico rico que dirigia um importante jornal progressista. Apesar dos desejos de seu pai de que ele também trabalhasse na indústria editorial, Pier Giorgio entrou nos estudos universitários com a intenção de trabalhar e evangelizar mineiros de baixa renda. Ao longo de sua curta vida, ele lutou pela justiça social como membro do Partido Católico, organizou excursões ao ar livre com amigos e se comprometeu com seus votos como um Dominicano da Terceira Ordem.
Mas, acima de tudo, Pier Giorgio era autenticamente, radicalmente católico. Sua fé era a força motriz por trás de todas as suas ações, seja alimentar os famintos depois da escola, ser obediente aos pais ou escalar uma montanha. Sua fé foi a razão pela qual, quando ele veio a morrer, os pobres vieram em peso prestar-lhe homenagem.
Em certa ocasião, encontrei um cartão de oração do beato Pier Giorgio sentado em cima de um balcão no porão de nosso convento. Quando ninguém o reivindicou, felizmente o peguei e coloquei orgulhosamente sobre a mesa do meu quarto. Olhei para a imagem – um Pier Giorgio extremamente jovial entre um grupo de amigos – e pensei sobre a fé que inspirava aquela alegria. Que fé incrível, viver uma vida normal exultante pela simples esperança do amor de Deus!
Enviei o cartão para um amigo, esperando que o exemplo simples do beato Pier Giorgio Frassati o inspirasse tanto quanto a mim. Resumidamente, fiquei preocupado porque, como havia vários homens na imagem, meu amigo talvez não soubesse qual deles era Pier Giorgio. Então olhei de novo para a foto, para aquele rosto radiante de vida sobrenatural, e entendi que seria impossível confundi-lo. Não deveríamos, também, ser inconfundíveis?
Em um mundo repleto de relativismo, ateísmo e profunda negatividade, muitos se perguntam com frequência por que alguém decidiu seguir a Cristo. Afinal, por que permitir que a superstição limite o prazer e a felicidade? Por que seguir as “regras” da religião?
A única coisa necessária é a fé – uma atenção plena ao mistério pascal de Jesus Cristo. Pier Giorgio disse uma vez: “Você me pergunta se estou de bom humor. Como eu poderia não estar? Enquanto a fé me der forças, serei sempre feliz!”
Vamos mostrar ao mundo que somos verdadeiramente felizes! E nossa alegria é incomum, pois não vem dos prazeres do mundo, mas do poder sobrenatural de Cristo. O poder que te transforma será o mesmo poder que transforma todos aqueles que você encontrar.
Escrito pelo Frade Zachary Burns e postado originalmente no blog This Too Shall Pass