O autor e apologista católico G.K. Chesterton certa vez ouviu alguém dizer que um suicida era o mesmo que um mártir, porque ambos “desistiam da vida”. Mas será que isso faz mesmo sentido? Com esta brilhante explicação, ele esclarece a completa diferença entre os dois.
Um suicida é o oposto de um mártir
“Um mártir é um homem que se preocupa tanto com alguma coisa fora dele que se esquece de sua vida pessoal. Um suicida é um homem que se preocupa tão pouco com tudo o que está fora dele que ele quer ver o fim de tudo. Um quer que alguma coisa comece; o outro, que tudo acabe”, diz Chesterton.
“Em outras palavras, o mártir é nobre, exatamente porque (embora renuncie ao mundo ou execre toda a humanidade) ele confessa esse supremo laço com a vida; coloca o coração fora de si mesmo: morre para que alguma coisa viva”.
Por sua vez, “o suicida é ignóbil porque não tem esse vínculo com a existência: ele é meramente um destruidor. Espiritualmente, ele destrói o universo. E depois me lembrei da estaca e da encruzilhada, e o estranho fato de que o cristianismo mostrara esse rigor incomum para com o suicida”.
E por que a “confusão”?
De acordo com Chesterton, porque “o cristianismo mostrara um ardente incentivo ao martírio”.
E explica: “o cristianismo histórico foi acusado, não inteiramente sem razão, de levar o martírio e o ascetismo a um ponto extremo, desolado e pessimista. Os primeiros mártires cristãos falavam de morte com uma alegria horrível. (…) Tudo isso a muitos parecia a própria poesia do pessimismo. Todavia, existe a estaca na encruzilhada para mostrar o que o cristianismo pensava do pessimista”.
Então o “cristianismo foi acusado de ser, ao mesmo tempo, otimista demais sobre o universo, e pessimista demais acerca do mundo”.